A crise do desaparecimento do sururu afeta milhares de famílias em Maceió

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Marisqueiras e pescadores que moram às margens de parte das duas grandes lagoas, a Mundaú e a Manguaba, que banham Maceió, estão vivendo um drama em relação ao seu maior meio de sobrevivência, o sururu, tradição da culinária local e patrimônio imaterial de Alagoas.  Fonte de renda para milhares de pessoas, o famoso molusco está desaparecendo. A crise que começou durante a pandemia, vem se agravando desde as grandes chuvas de junho e julho, e para piorar, a descoberta de uma espécie invasora, de origem incerta, se multiplica e ameaça a espécie nativa.

Essa situação de crise já é visível às margens da lagoa Mundaú, ao longo do Vergel do Lago, local que vive a maior concentração de pessoas que fazem da pesca e do tratamento do sururu seu ganha pão cotidiano. Segundo informações, são mais de 3 mil pessoas afetadas pela crise do sururu.

Sobre o primeiro motivo do desaparecimento do sururu, o que se sabe, é que o molusco já vinha sofrendo com uma forte pressão por conta dos poluentes e pesca sem controle, mas a situação se agravou após as fortes chuvas invernais, já que diminuem a salinidade da água, e o sururu fica sem oxigênio, sem alimento e morre. Sem contar com o esgoto jogado na lagoa de diversos bairros.

A segunda causa, é uma ameaça muito grave, é a existência do chamado sururu branco, que vive tanto em água doce como em salgada, e tem origem na América Central e já presente por aqui, onde se adaptou muito bem ao ambiente. A espécie invasora já começa a disputar e dominar o alimento e o espaço do sururu alagoano. Ele pode ter chegado por aqui de “carona´´ nos navios durante o tráfego do porto de Maceió, ou vindo pelas correntes, ou trazido e despejado por alguém na lagoa.

Sem o sururu, a comunidade está apreensiva. Nesse momento de escassez, a população da orla já sofre com prejuízos e falta de renda, criando um novo problema social para a capital. Técnicos do IMA já foram informados, bem como promotores do Ministério Público Federal.

Fonte: Jornal de Arapiraca/ Cláudio Bulgarelli