Aprendi, no decorrer da minha existência, que o maior e mais puro dos sentimentos, é o amor; aprendi, também, que para se amar, na plenitude de sua essência, não é fácil.

              Aprendi que Orgulho e preconceito,  título de romance de Jane Austen, escritora inglesa do século  XIX, fazem parte da natureza humana, assim como respirar e comer.

               Aprendi que o ódio, sentimento antagônico ao amor, contamina o ser humano e, quando potencializado, torna-o  uma fera e inimigo de si próprio;

               Aprendi que generosidade e perdão são sentimentos que fazem bem a quem os praticam, e quem os recebem não têm a verdadeira dimensão do bem alcançado.

                Aprendi que a vida é constituída também de dor, de muita dor, mas ao contrário de que o bardo Inglês do século  XVII, Abrahan Cowley afirmava: “ que a vida é uma doença incurável”,  o sofrimento traz a compreensão da dimensão humana, nos faz compreender a finitude da existência, o sentido da vida, e o entendimento de Deus.

                 Aprendi que ter amigos,  mesmo poucos, podemos compartilhar as dores  e alegrias em compreensão mútua de que somos frágeis e fortes, sem exigir do outro a perfeição que não se possui, em atitude recíproca , sem nenhuma exigência.

                   Aprendi que se estar velho é uma vantagem para melhor ouvir, compreender e aceitar todos os erros humanos, principalmente dos mais  jovens.

                   Aprendi que a ambição é necessária para a conquista dos desejos, desde que não ultrapasse limites do bom senso e da ética, e, para alcançar bons resultados, é indispensável disciplina, persistência e muito trabalho.

                    Aprendi que estar feliz , difere de querer ser , o estar é condição presente, o querer é futuro; o pobre pode estar e o rico, na condição da busca, querer e, consequentemente, não ser. Riqueza e felicidade as vezes não são compatíveis, assim como pobreza. Ser feliz  é estar.

                     Aprendi que sempre haverá amor e ódio; guerra e paz; ricos e pobres; que os privilégios, por mais que a lei os combata, sempre existirão; que sempre haverá lugar para os Santos, os predestinados e os os líderes que se sacrificarão pelo bem estar da humanidade.

                     Aprendi que filhos e netos são o nosso ideal mais perfeito, as obras primas mais concretas, a imagem de Deus na imperfeição da existência humana.

                     Aprendi que os miseráveis, quer do ponto de vista material, quer moral, sempre existirão, mas amá-los e compreendê-los, eis a missão que nos cabe.

                    Aprendi que o amor, em sua dimensão intrínseca, é o maior e mais significativo dos sentimentos, porque ele nos torna seres humanos próximos de Deus , afastando de nós sentimentos que nos aniquila e nos degrada.

                     Aprendi que doar  é um ato de generosidade, não divulgá-lo é ato de amor.

                      Aprendi que perdoar é generoso, não se vangloriar da conduta, eis o amor em essência.

                    Aprendi que os desejos nocivos são mais tentadores, porém não são os mais belos.

                    Aprendi que a alegria passa e que a dor não é permanente. Aprendi, também, que tratar bem aos pobres não é gesto de amor,  nem ato de generosidade, é simples questão de educação.

                     Aprendi, ainda, que o poder apenas potencializa orgulho e preconceito às pessoas que já o possuem em suas naturezas.

                     Aprendi que o sucesso vem do trabalho, que a inveja é um sentimento que atrapalha quem o busca.

                     Aprendi que buscar-se a si próprio eis o grande segredo do amor, atingindo-se, enquanto se busca, quietude, paciência e tolerância.       

Autor: Geraldo Magela Pirauá
Procurador de justiça aposentado e cronista