Ascensão de Compras de Armas de Fogo em Alagoas

            Em meio as más notícias econômicas em todo país, um dado chama bastante atenção no Estado de Alagoas: o exponencial crescimento da compra e vendas de armas de fogo.

            Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, houve um aumento de inacreditáveis 691,3% de registros do ano de 2019 em comparação com o ano de 2020. Isto significa um crescimento sete vezes maior que a média nacional, a qual também subiu neste período. Em termos gerais, o Estado ocupa a décima posição nacional e a segunda dentre os estados do Nordeste, apesar da pequena população.

            Considerando a dificuldade econômica e social do Estado em comparação com os grandes centros urbanos do país, os números são ainda mais intrigantes.

            E os números tendem a crescer. É que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre este tipo de bem foi diminuído de 31% para 12% em dezembro de 2021. O imposto sobre Planos de Celular é quase três vezes maior do que o incidente em armas de fogo.

            Outro fator que explica este fenômeno é a política federal que facilitou o porte e permitiu a compra de armas antes restritas à polícia e ao exército, além dos discursos daqueles que defendem o uso para a proteção pessoal.

            Todavia, a explicação não passa apenas por este fator. Há de ter uma fundamentação melhor para um fenômeno de tal proporção. Em verdade, paira uma total descrença sobre a possibilidade de o Estado garantir a segurança das pessoas.

            Devemos lembrar que os números de crimes como homicídio no Brasil são compatíveis com países que estão em guerra. Há um completo sentimento de insegurança sob as classes pobres e médias.

            Não à toa, cresce também a procura por imóveis em condomínios fechados, seguros de automóveis, e demais meios de segurança privada.

            Devemos fazer uma grande reflexão política sobre estes fatos. O Estado que tem (ou tinha) o total monopólio do uso legítimo da força está sendo substituído. Estas medidas podem acalmar momentaneamente aqueles que têm condições de pagar por estes serviços e bens, porém, não irá resolver qualquer problema de segurança pública.