“Um dia estava em casa/ Sentiu forte agonia
“Foi direto para o hospital/ Medir a sua glicemia
“Cada dia que passava/ Benildo emagrecia
“Era o tal do diabetes/Que o seu corpo consumia”
A poesia O Grande Mestre, de autoria dos ex-alunos Eufrásio e Cartaxo Cordelista, que conta, em versos, a vida de Benildo Medeiros, é a demonstração do quanto esse professor foi querido pelos alunos. De professor a diretor de escola, passando por comissário da infância e juventude, o filho de Arapiraca sempre demonstrou, muitas vezes na sua sisudez, como gostava da educação. Educar foi sua vocação de vida.
Nasceu em Arapiraca, 19 de agosto de 1941. Infância igual a de qualquer um no dia a dia da rua 15 de Novembro. O estudo primário fez no Instituto São Luiz (dos saudosos Pedro de França Reis e Manoel de Oliveira Barbosa), onde, depois, foi professor. Hoje, é a Escola Rosa Mística. O curso secundário, hoje médio, fez no Ginásio Nossa Senhora do Bom Conselho. O ensino superior, com habilitação em estudos sociais e geografia, na antiga Faculdade de Formação de Professores do 1º Grau, atual UNEAL. Graduado em francês pela Aliança Francesa de Maceió.
Como professor, sua verdadeira vocação, Benildo Medeiros exerceu: 1) professor da Escola Municipal Hugo Lima, Arapiraca; 2) professor do Colégio Bom Conselho, de Arapiraca; 3) professor da Escola Estadual Quintela Cavalcanti, Arapiraca; 4) professor da escola cenecista Nossa Senhora da Conceição, Limoeiro de Anadia; 5) professor da escola cenecista de 1º Grau Santo Antônio do Sertãozinho, Major Isidoro; 6) professor da escola cenecista de 1º Grau Santa Luzia, de Campo Grande, Alagoas. Foi diretor: a) diretor adjunto do Colégio Bom Conselho, de Arapiraca; diretor da Escola Municipal Hugo Lima, de Arapiraca; c) diretor da escola cenecista de 1º Grau Santa Luzia (atual escola Professor Douglas Apratto Tenório), Campo Grande. Foi presidente do Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização), em Arapiraca.
Benildo Medeiros, marido de Ivanilde Ferreira de Medeiros e pai de Maria do Rosário Ferreira Medeiros, Roberto James Ferreira Medeiros e Rejane Mércia Ferreira Medeiros, era insaciável por educação e cultura; fez parte do Projeto Rondon., onde atuou em Lagoa Vermelha e Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Durante sua existência, 55 anos, foi escolhido oito vezes pela Câmara Júnior de Arapiraca como a personalidade do ano na educação.
Orgulhava-se, e muito, de ser comissário da infância e juventude, velando pelos menores de Arapiraca. Agiu nas entradas dos cinemas Trianon e Triunfo; no Clube dos Fumicultores de Arapiraca era um fiscal implacável. Aliás, era um incansável cumpridor dos direitos da infância e juventude, quando ainda inexistia qualquer código a respeito.
Benildo era um mestre.
À frente da banda e fanfarra do Colégio Bom Conselho, vibrava com os desfiles cívicos: 30 de outubro (Emancipação Política de Arapiraca), Sete de Setembro (Independência do Brasil), 16 de Setembro (Emancipação de Alagoas). Alguns anos, como dirigente, conduziu a banda de fanfarra a diversos municípios brasileiros. Foi memorável sua ida com a banda do CBC ao Rio de Janeiro. Levava cultura a outras plagas.
Dele, os poetas Cartaxo Cordelista e Eufrásio, disseram:
“Gosta de escrever/f Era bom em poesia
“Desenha a mão livre/ Com muita categoria
“Os alunos se admiravam? Dos mapas que ele fazia
“Desenhando no quadro negro/ E sua mão não tremia”
Ou, como dele falavam em suas horas de lazer:
“Sempre foi muito festeiro/ Dançava com alegria
“Lhes chamavam pé-de-valsa/ Todo ritmo ele sabia
“Quando o conjunto tocava/ Era aquela euforia
“No Clube dos Fumicultores/ O povo lhe aplaudia”
Este era Benildo Medeiros, o mestre, que, em sua última entrevista, no ano de 1998, vaticinou: “Se mil vidas eu tivesse queria em todas elas ser professor”.
Fonte: Jornal de Arapiraca/ Manoel Lira, Eli Mário e Roberto Baía