Capacitação fortalece produtores de peixe e camarão do Agreste de Alagoas

Produtores de peixe e camarão dos municípios de Viçosa, Arapiraca, Teotônio Vilela, Coité do Noia e Poço das Trincheiras participaram, nesta quarta-feira (14), de um dia intenso de capacitação sobre associativismo e cooperativismo. O encontro aconteceu na sede do Sebrae Alagoas, em Arapiraca, e reuniu representantes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e Sebrae Alagoas.

A ação faz parte do Projeto de Cooperação Técnica “Inovação Organizacional e Tecnológica da Aquicultura de Pequena Escala no Norte e Nordeste do Brasil”, que visa fortalecer a cadeia produtiva da aquicultura por meio de articulação institucional, troca de experiências e capacitação de produtores locais.

“Nosso papel como instituição é contribuir com o desenvolvimento da gestão de cada um de vocês. Parabéns por estarem aqui hoje. Aproveitem esse momento, pois será um dia de muito conhecimento”, afirmou Ricardo Coimbra, gerente da Unidade do Sebrae em Arapiraca.

O superintendente do MPA em Alagoas, Cauê Castro, reforçou a relevância do evento diante do cenário atual. “Alagoas tem um grande potencial na aquicultura e piscicultura. Apesar das dificuldades dos últimos anos, estamos retomando os trabalhos com apoio dos nossos parceiros. Capacitações como essa são fundamentais para impulsionar o setor”, destacou.

A ex-secretária nacional da Aquicultura, Tereza Nelma, também participou do evento e defendeu a aquicultura como ferramenta estratégica no combate à fome. “Acredito firmemente que podemos tirar Alagoas da fome por meio da aquicultura. Seguiremos apoiando iniciativas que contribuam para o crescimento dos pequenos produtores”, disse.

O evento contou ainda com a presença de Altemir Gregolin, ex-ministro da Pesca, e Felipe Matias, ex-secretário nacional da área, que atuam atualmente como consultores da FAO e do MPA, respectivamente. Além de representantes da Federação da Agricultura e Pecuária no Estado de Alagoas (Faeal), Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) e Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas (Semarh).

Compartilhamento de experiências

A programação contou com duas palestras principais. A primeira, conduzida por Salatiel Turra, do Sistema Ocepar, abordou a importância do cooperativismo e apresentou a experiência bem-sucedida do Paraná. Em seguida, o cearense Edson Barreto compartilhou a trajetória da cooperativa de carcinicultores de Icapuí (CE), relatando erros, acertos e estratégias que garantiram o sucesso da organização.

“Sem capacitação, sem entender a cadeia produtiva, o mercado, as finanças e a parte social, a cooperativa não avança. Por isso, persistam. O segredo está na gestão participativa”, destacou Edson.

Ainda durante o evento, Iury Amorim, da Camal Soluções Aquícolas — empresa contratada pelo Sebrae para assessorar os produtores — apresentou os primeiros resultados dos diagnósticos aplicados nas propriedades.

Marinho Eduardo, carcinicultor do município de Limoeiro de Anadia, celebrou a oportunidade de participar da formação. “A cada palestra, nossa mente se abre. Vamos entendendo novas formas de trabalhar, repensando processos e aprendendo com quem já passou por desafios semelhantes. Nem sempre temos tudo pronto, então é preciso buscar conhecimento e se reinventar”, relatou.

Andamento do projeto

O Projeto de Cooperação Técnica foi formalizado no fim de 2023 e começou a ser executado em fevereiro de 2024. A primeira etapa contou com a visita da FAO e do Ministério da Pesca ao Sebrae Alagoas, marcando o início oficial das atividades. Um dos principais objetivos da parceria é realizar 100 diagnósticos com produtores de peixe e camarão no estado — até o momento, 72 já foram aplicados.

As visitas aconteceram em diversas cidades, inclusive no Agreste alagoano. Os únicos municípios que ainda serão contemplados são Teotônio Vilela e Poço das Trincheiras, com visitas programadas para ocorrer até o final de maio.

“A receptividade tem sido excelente. Os produtores estão engajados e reconhecem o valor do diagnóstico. As principais dificuldades encontradas foram de logística, com acessos difíceis por conta das chuvas, mas conseguimos avançar com o apoio da Camal”, explicou Ingrid Santos, analista do Sebrae.

A próxima etapa será a elaboração de planos de ação individuais para cada produtor, com base nas informações coletadas nos diagnósticos. O documento trará sugestões práticas de melhorias para tornar as propriedades mais produtivas e sustentáveis. A entrega dos planos está prevista para os próximos meses, após a finalização das visitas de campo.

Por Assessoria