Caso Marcelo Leite: vídeos de câmera de segurança contestam a versão de policiais

Foto: Reprodução

Após 20 dias do tiro de fuzil disparado por policiais em Arapiraca, o empresário Marcelo Barbosa Leite não resistiu às complicações dos disparos e faleceu no Hospital Beneficência Portuguesa do Mirante, em São Paulo, na segunda-feira (05). O corpo de Marcelo chegou em Arapiraca na tarde de terça-feira (06) e foi sepultado no Cemitério Previda, bairro Guaribas, em Arapiraca, o velório foi marcado por muita comoção e revolta, centenas de amigos e familiares se despediram de Marcelo e agora esperam que a justiça seja feita.

Na terça-feira, um dos advogados da família divulgou um vídeo de uma câmera de segurança que mostra o momento exato em que o carro que Marcelo conduzia se encontra com as viaturas, na AL 220. As imagens contestam a versão apresentada pelos policiais que alegaram que o empresário vinha em alta velocidade, o que teria chamado a atenção dos policiais que iniciaram uma perseguição e efetuaram os disparos de fuzil. No vídeo é possível ver que o carro não passa em alta velocidade, o que contrapõe a versão dos policiais. Para os advogados da família, a ação pontual da polícia mostra um uso desproporcional da força, já que o fuzil é uma arma utilizada em casos extremos e Marcelo não apresentava nenhum risco aparente.

Segundo um dos delegados do caso, Sidney Tenório, o vídeo apresentado pelos advogados será utilizado pelo Instituto de Criminalística de (IC) durante a reconstituição do caso.  “A Polícia Civil já teve acesso ao vídeo, e ele será liberado para o IC para que possa ajudar na reprodução simulada do caso. O vídeo corrobora para uma das linhas de investigação. Porém, trabalhamos como duas linhas de investigação: dos militares e dos familiares”, explicou ao portal TNH1. O delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Gustavo Xavier, designou, no último dia 17, uma comissão para atuar à frente das investigações, antes tratada como suposta tentativa de homicídio. Além de Tenório, outros dois delegados compõem a comissão designada pelo delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Gustavo Xavier, Filipe Ferreira Rodrigues Caldas (presidente da comissão) e Cayo Rodrigues da Silva. 

Os seis policiais envolvidos no caso prestarão depoimento nesta quinta-feira e sexta-feira, na sede da Divisão Especial de Investigação e Captura (Deic), no bairro Santa Amélia, em Maceió. Sobre a retirada do veículo da cena do crime, o advogado de defesa dos seis policiais envolvidos, Napoleão Júnior, disse que a retirada foi para facilitar o trânsito da região. “O veículo foi retirado por questão de segurança. Enquanto uma viatura estava prestando socorro a Marcelo, que foi alvejado, a segunda viatura começou a tirar o veículo do leito da via e o deixou na frente do batalhão”, disse o advogado em entrevista. 

O caso revoltou a capital do Agreste, dezenas de internautas questionaram a ação policial e relataram a insegurança já que os responsáveis pela morte de Marcelo trabalham para proteger a sociedade. Amigos e familiares utilizaram as redes sociais para relembrar os momentos ao lado do empresário e ressaltaram que o arapiraquense era um jovem querido, responsável e companheiro. A esposa de Marcelo, Bruna Maria, relembrou sua história ao lado do arapiraquense nas redes sociais e revelou que o casal planejava ter filhos.  “Nos conhecemos e começamos um relacionamento no dia 13 de novembro de 2019. Desde então, nós nos grudamos de tal forma que com poucos meses já estávamos morando juntos, dividindo a vida, uma casa e boletos. Nunca fomos perfeitos, mas dentro das nossas imperfeições a gente se ajustava e se completava. Há dois meses estávamos tentando engravidar… Pois é, não conseguimos e talvez hoje eu saiba o motivo”, compartilhou a enfermeira. 

Relembre o caso

Na madrugada de segunda-feira (14), Marcelo estava na AL 220 quando foi atingido com um tiro de fuzil pelos policiais. Segundo a versão apresentada pelos agentes da lei, o arapiraquense teria apontado uma arma de fogo para os policiais e não parou após sinalização da guarnição. Os policiais efetuaram quatro disparos de fuzil, um deles atravessou o vidro e atingiu Marcelo. O Ministério Público solicitou que a arma, que seria supostamente do empresário, passe por perícia. A família contesta a versão dos PMs, segundo os familiares, Marcelo não possui arma de fogo. 

Além disso, o veículo que Marcelo conduzia do local onde ocorreu o fato foi retirado sem a presença da família de Marcelo ou da polícia técnica. A retirada do veículo da cena dificulta a ação da polícia investigativa.

Fonte: Jornal de Arapiraca/ Lysanne Ferro