Desde 2015, no Brasil, o mês de setembro é voltado para a prevenção ao suicídio e valorização da vida. Em entrevista, a psicóloga Brenda Oliveira explica a importância da campanha de conscientização e do cuidado da saúde mental.
Os adoecimentos mentais têm afetado pessoas de todas as idades, classes sociais e gêneros, isso faz com que seja difícil mensurar o que de fato pode desencadear uma depressão ou ansiedade em uma pessoa. Entretanto, as urgências do nosso tempo, as cobranças pessoais e de trabalho e a pandemia de Covid-19 têm colaborado negativamente com o sofrimento mental.
“Depressão e ansiedade são adoecimentos mentais que são causados por vários fatores, não tem como distinguir o que causa, porque é muito individual. Uma mulher, classe média, de 20 anos pode ter depressão, assim como um idoso homossexual da classe média alta, por razões totalmente diferentes. É um contexto multifatorial. Mas, a gente percebe que o número de casos tem aumento e isso, em um contexto macro, a gente pode observar a mudança também de como a nossa sociedade está mudando, ela está mais acelerada, como o tempo parece passar mais rápido, tudo vem de uma forma mais abrupta, como tudo é muito imediatista e como a nossa sociedade entra em um processo de cobrança a todo momento”, explica a psicóloga Brenda Oliveira
Campanhas como o Setembro Amarelo são necessárias para a divulgação da necessidade do tratamento, além de diminuir o preconceito em torno do debate sobre o adoecimento mental. A psicóloga alerta para a necessidade de cuidado com a saúde mental, assim como cuidamos e buscamos a prevenção de doenças como o câncer. “Da mesma forma que existe um custo, não só econômico, mas de energia também de alguém que está em tratamento de câncer, por exemplo, se tem a possibilidade de pensar a prevenção, de fazer exames periódicos, check ups, indo sempre ao médico para ver o fisiológico, é necessário também a prevenção da saúde mental. A informação é necessária para desmistificar essa ideia que a mente e o corpo são separados, a gente funciona como um todo. Existem muitas pesquisas sobre doenças psicossomáticas e é muito importante que a gente fale sobre isso, para desmistificar a ideia de que o cuidado com a saúde mental só deve existir quando já se está em adoecimento ou tido como louco”.
Em Alagoas, a Agência Tatu fez um levantamento em 2021 dos números registrados de suicídio entre os anos de 2019 a 2021, nos Hospital Geral do Estado (HGE) e Hospital Emergência do Agreste (HEA). Nesses dois anos, foram registrados pelos dois hospitais 2.592 atendimentos a pacientes que atentaram contra suas próprias vidas. Deste total, 805 casos foram registrados no HGE e 1.787 no HEA.
A campanha do Setembro Amarelo no Brasil foi idealizada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O CVV é um canal de apoio a quem sofre de depressão, pessoas capacitadas estão à disposição 24 horas, através do telefone 188. Apenas em 2021, o CVV registrou 3,6 milhões de ligações.
Fonte: Jornal de Arapiraca/ Lysanne Ferro