A angústia, a dor e o sofrimento de 40 mil alagoanos desabrigados, a rigor, não era para ser assim. Mas, uma conjunção de fatores determina a tragédia anunciada.
E isso passa pela degradação do meio ambiente, o desmatadamento das matas ciliares, reservas florestais e a expulsão de famílias da zona rural, para ocupar áreas de riscos nas cidades.
Os agentes dessa transformação nociva são conhecidos. E vão desde latifundiários até o poder público que só se lembra de cuidar -e de forma paliativa – das pessoas em anos eleitorais.
Os exemplos são claros e concretos, em todos os planos. Agora mais do que nunca, às vésperas das eleições de outubro, vão aparecer “os salvadores da pátria”.
É cesta básica de um lado é roupa velha do outro, enfim, as manjadas e tradicionais ações de sempre.
Quem está necessitado, ferido na sua dignidade, depressivo pelas circunstâncias não pode dizer não. Nesse momento toda ajuda é bem vinda.
Mas, o que não pode é esquecer que toda tragédia poderia ser evitada se os gestores públicos, desde o governo central até os locais, cumprissem verdadeiramente suas missões de trabalhar com responsabilidade por quem mais precisa.
Em meio às inundações em mais de 50 municípios alagoanos, o ex-presidente do CREA/Alagoas, Fernando Dacal, afirmou em grupo de WhatsApp que a engenharia sempre teve soluções para conter as enchentes e não penalizar a vida das pessoas.
É óbvio que tem. O que não há é compromisso das autoridades – e muito menos da elite econômica – para com a realidade triste dos que foram se instalar em áreas vulneráveis por falta de opção.
Segundo Dacal, em Alagoas não houve preocupação do Estado em executar as obras de barragens nos leitos dos rios Mundaú e Paraíba. Disse ele: “Foram projetos elaborados para a mitigação das cheias e ao mesmo tempo para solucionar a crise hídrica”.
Nem do Estado, nem do governo federal para financiar essas obras. É mais negócio liberar orçamento secreto para aliados.
Pois é. A comodidade, o bem bom de gestores e gestoras e o circulo de interesses de outros levam esses atores a ignorar ações concretas de preservação das vidas das pessoas que mais precisam.
Enfim, lamentavelmente, a tragédia mais uma vez está aí.
Agora entram em campo “anjos”, “santos” e falsos salvadores da pátria com interesses múltiplos.
E o principal deles, nesse momento, é eleitoral.
Fonte: Éassim