Diante de um cenário acalorado de discordância na política brasileira, o deputado federal Daniel Barbosa (PP) tem levantado a bandeira da paz, defendendo o respeito o entendimento em meio às divergências. Para o parlamentar, opiniões contrárias não podem se sobressair às aflições a a esperança do povo brasileiro.
“Fomos eleitos para para representar os segmentos sociais com a desejada eficiência, num mundo cada vez mais complexo. E nesse contexto repleto de desafios, o país precisa de união e de serenidade em prol do sempre desejável consenso político”, escreveu o parlamentar em seu artigo semanal.
Leia o texto na íntegra abaixo:
O DIÁLOGO É O CAMINHO DO ENTENDIMENTO
Nas eleições gerais de 2022 fui eleito para representar o povo de Alagoas na Câmara dos Deputados. Recebi, portanto, legítima delegação para, nos próximos quatro anos, decidir em seu nome. É pelas eleições livres que se expressa a soberania popular e a democracia representativa se materializa. Isso está escrito, com todas as letras, no primeiro artigo da Constituição Federal: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”. O voto livre e soberano é a porta de entrada da República e do Estado Democrático de Direito.
A dimensão da responsabilidade da representação popular é imensa. Antes de tudo, temos compromisso com os interesses do país, sem esquecer das bandeiras, agendas e pautas que apresentamos aos eleitores que nos confiaram seus sufrágios. Investidos no mandato, nossa mais importante obrigação é com a justiça social, garantindo políticas públicas para combater as desigualdades e assegurar ao cidadão, especialmente os mais pobres, pleno acesso aos direitos básicos, sempre visando ao bem-estar social.
Ao deputado compete legislar, seja propondo novas leis, seja alterando ou revogando aquelas em vigor ou mesmo emendando a Constituição. Essa atividade produz reflexos na vida em sociedade. Por sua vez, o controle dos atos do presidente da República e dos ministros de Estado, bem como a fiscalização das ações do Poder Executivo, na dinâmica do sistema de freios e contrapesos, é a atribuição que gera mais conflitos.
Considero a oposição como imperativo da democracia. Confrontar os atos do governo, apontar erros, excessos, ilegalidades, até com veemência, faz bem e reforça as instituições. Sem isso, o que existe é apenas um arremedo de democracia. Todavia, a forma equivocada como alguns setores da elite política vêm exercendo esses direitos legítimos, com xingamentos e agressões, deforma o debate e não se concilia com o que se espera do Parlamento. Trata-se de verdadeiro retrocesso que substitui a crítica dura, rigorosa e áspera pelo discurso de ódio, a intolerância e a brutalidade.
O Regimento Interno da Câmara dos Deputados estabelece como deveres fundamentais do deputado, além da defesa do interesse público e da soberania nacional, entre outros pontos relevantes, tratar os colegas, as autoridades, os servidores e os cidadãos com respeito e independência. Com alguma frequência, no entanto, o país vem presenciando acontecimentos lamentáveis, quando a divergência de ideias se perde no espiral das emoções e descamba para a rinharia.
A sequência de baixarias levou o presidente da Câmara dos Deputados a condenar publicamente a profusão de ofensas trocadas no Plenário. Também sou visceralmente avesso a esse tipo de comportamento, que não constrói nada de útil e mancha a imagem do Parlamento. Só entraria em briga se fosse para separar os rivais, serenar os ânimos e tentar promover a conciliação, tanto quanto possível.
Acusações recíprocas e ofensas não se amoldam à convivência democrática. O argumento convence, o respeito aproxima, mas a ofensa afasta. A força bruta bloqueia a possibilidade de entendimento e aniquila a confiança.
Por outro lado, o convívio pacífico, o tratamento respeitoso e os espíritos desarmados produzem, sempre, os melhores resultados para os interesses da sociedade. O debate civilizado qualifica o diálogo, sem implicar qualquer recuo em relação às nossas convicções e valores morais. Acredito nisso e procuro aprender e me orientar pelos exemplos das grandes personalidades da política.
Ulisses Guimarães, do alto de sua autoridade, nos ensinou que política não se faz com ódio, nem com a raiva dos invejosos, maledicentes, frustrados ou ressentidos. A rivalidade faz parte do ambiente político e da luta pelo poder. Contudo, a vida não é linear e em certos momentos e em determinadas circunstâncias prevalecerá a máxima que aconselha a não ser tão amigo que não possa dizer um não, nem tão inimigo que não possa dizer um sim.
A experiência mostra que a possibilidade de acordos é inerente à vida política. Conciliação é a superação das divergências e significa pacificação, harmonia, concórdia, entendimento, acomodação.
Discordância alguma pode fechar os olhos para o fato de que as aflições e a esperança das ruas ressoam no Parlamento. É a isso que devemos dirigir todas as nossas atenções e as melhores energias, sem perder tempo com agressões e insultos. Fomos eleitos para representar os segmentos sociais com a desejada eficiência, num mundo cada vez mais complexo. E nesse contexto repleto de desafios o país precisa de união e de serenidade em prol do sempre desejável consenso político.
Por isso, não estou entre os que estimulam a cizânia, pregam a violência, insultam e atacam a democracia. Consciente dos meus deveres de deputado federal e das minhas responsabilidades com Alagoas e com o Brasil, almejo meu lugar junto aos que têm compromisso com a paz, com a justiça social e a boa educação, defendem a democracia e buscam soluções que, efetivamente, possam reduzir as desigualdades sociais, preservar o meio ambiente, gerar emprego e renda e combater a miséria.