Empreendedorismo em prol de Arapiraca

Foto: Capa Jornal de Arapiraca

Homens e mulheres  que são memória

Nas lembranças de personagens nascidas e vividas aqui, ou vindo de fora, que fizeram crescer Arapiraca não se pode esquecer a figura de José Canuto Sobrinho, o Zeca Canuto, que completa 100 anos agora no dia 16 de outubro. Vindo de Limoeiro de Anadia, sempre se notabilizou à frente de sua Panificação e Mercearia Perseverança. Como ele, outros, homens e mulheres, que não tiveram a alegria de viverem um século, são memória viva da história de Arapiraca.

Aqui uma pequena mostra: Né Ângelo, Bereguedé, Madame Nina, Alonso de Abreu, Dona Maroquinha, “Seu” Artur fotógrafo, o rábula Anphilophio Guerra, Jorge Valença. De uma forma ou outra, contribuíram com o desenvolvimento arapiraquense.

Centenário José Canuto Sobrinho (1919)

Nascido em Limoeiro de Anadia, em 17 de outubro de 1919, Zeca Canuto sempre fez parte do progresso e desenvolvimento de Arapiraca. É, sem dúvida, uma memória viva do município que adotou. Foi comerciante na av. Rio Branco durante mais de 30 anos, como proprietário da Panificação e Mercearia Perseverança, em frente ao grupo escolar Adriano Jorge. Lúcido, casado com Dona Maninha e pai de três filhos, sempre reconhece os amigos e relembra dos velhos  e bons tempos arapiraquenses. Hoje, mora na rua Manoel Leão.

O rábula Amphilophio Calazans de Souza Guerra (1888/1972)

Vindo de Brumado (Ba) até Palmeira dos Índios e, de lá, a Arapiraca, foi uma das figuas mais importantes nas atividades liberais do novo município. Casado com Elfrida Cavalcante de Souza Guerra, defendeu os mais pobres nas lides advocatícias, sem nunca de ter curso de Direito. Era um rábula. Amigo de Graciliano Ramos, quando morou em Palmeira dos Índios, deixou com os filhos, a máquina datilógrafa que pertenceu ao escritor alagoano e lhe havia sido ofertada como gratidão e afeto. Fundou o primeiro Tiro de Guerra de Arapiraca.

O Conselho Seccional da OAB/AL (Ordem dos Advogados do Brasil), concedeu esta homenagem ao primeiro rábula de Alagoas (ou provisionado, que era quem não tinha formação acadêmica em Direito), pelos relevantes serviços prestados ao estado.

Grande incentivador: Jorge Valença Neves (1924/1992)

Natural e São José da Laje, logo cedo trabalhou com seu pai na empresa de Distribuição de Água do município, que era de propriedade de seu pai, Clarício Valença Neves. Ingressou na algodoeira Lajense S.A. em 1944, como conferente. Casado com dona Maria Verônica de Andrade Neves, gerenciou a Algodoeira Lajense em Santana do Ipanema, em 1954. Chegou em Arapiraca no ano de 1961, trazendo a usina de beneficiamento de algodão e uma fábrica de óleo vegetal, tendo sido diretor executivo da Empresa Carlos Lyra S.A., no ramo de compra de folha de fumo. Participou ativamente da construção da Concatedral Nossa Senhora do Bom Conselho e da instalação da rádio Novo Nordeste, além de grande pecuarista.

Mulher do tempo: Maria Brito Melo – Maroquinha (1907/1974)

Nascida em Santana do Ipanema, casada com João de Brito (João Biu), foi, durante muito tempo, a pessoa encarregada para analisar e divulgar o tempo de Arapiraca. Diariamente, dirigia-se ao Observatório Meteorológico, que ficava situada na Sementeira (onde hoje é a sede da Universidade Federal de Alagoas), para colher dados e informá-los à capital federal. Foi a primeira mulher nomeada no interior de Alagoas como observadora do tempo. Deixou sete filhos.

Árbitro de futebol e fumicultor: Pedro Antônio dos Santos (Bereguedé) – 1924/2002

Agricultor, jogador e árbitro de futebol, boêmio, carnavalesco e um dos fundadores da Bandinha do Dedé. Este foi Bereguedé (Pedro Antônio dos Santos), nascido em Riacho Seco, município de Arapiraca, morando, algum tempo, em São Paulo. Mas, foi aqui, como agricultor no ramo de fumo, em corda e em folha, que Bereguedé se desenvolveu, ajudando, também, no crescimento de Arapiraca. Suas terras ficavam na região do Pé-Leve.
Para os amantes do futebol, Bereguedé quase sempre aparecia aos domingos, trajando calção e pretos, camisa da mesma cor, chuteira, e, à boca, um apito. Era o árbitro que apoitava os jogos amistosos do ASA no poeirão, ainda sem gramado. Ou, para os carnavalescos, ele se apresentava os quatro dias de momo na Bandinha do Dedé, voltando para sua casa na quarta-feira de cinzas.

Agricultor e pecuarista: Manoel Ângelo Sobrinho – Né Ângelo (1919/2011)

Durante toda sua vida foi um batalhador. Com 16 filhos para criar (entre eles, João Nascimento, que foi prefeito de Arapiraca), labutou em currais de fumo e como pecuarista. Sempre morou entre os bairros de Baixão (onde nasceu) e Cavaco e era nessa região que ajudava os mais necessitados, doando feijão, milho, leite, todos frutos de sua terra, que ficavam nos sítios Breu, Cavaco, Canaã.

Cuidando da beleza: Maria Nina de Araújo (1926/2014)

Paraibana de Patos (PB), onde cursou o primário no Colégio Cristo Redentor, chegou a Arapiraca em 1950. Aqui, após um curso na Paraíba (1951), instalou-se como a primeira cabeleireira no município, quando era conhecida como “Madame Nina”. Era casada com José Dias de Araújo, o “Bigodero”. Deixou três filhas e faleceu com 88 anos.

Primeiro fotógrafo: Artur Alves da Silva (1910/1988)

Nascido na Vila de Cajueiro, antigo município de Conceição do Paraíba, em 1910, chegou a Arapiraca nos idos de 1949, morando na rua Lúcio Roberto. Nos fundos da igreja de Nossa Senhora do Bom Conselho, às segundas-feiras, colocava uma máquina de “tirar retrato”, em cima de um pano vermelho, tendo ao lado vidros com “óleo de capim e de mutamba”, para curar inúmera doenças. Era o primeiro retratista a tiar fotos de homens e mulheres de Arapirtaca. Posteriormente, instalou-se na praça Bom Conselho, aos fundos da igreja do mesmo nome, com o foto Brasil.Um dia, um senhor de estatura mediana, trajando calçade azulão, chapéu de massa, molho de chprolaves à cintura, o indaga. “Como é seu nome, meu filho, e qual sua origem?” Após a resposta, disse: “Aqui é bom. Resperite, capriche, e tudo dará certo. Sou o Cel. Luyiz Pereira Lima, seja bem vindo!”.

Político e comerciante: Alonso de Abreu Pereira (1920/ 2012)

Nascido em Olho D’Água das Flores (AL), aqui chegou em 1944 e foi viver do comércio, sendo, em pouco tempo, um dos maiores comerciantes (armazém de secos e molhados) do município. Entrou na política, tendo sido vereador (1958) e deputado estadual (1966), não conseguindo, porém, alcançar seu maior desejo: ser prefeito. Participou ativamente da vida social e esportiva de Arapiraca, como membro do Clube dos Fumicultores, fundador do Lions (1966), do Clube dos Lojistas e da Maçonaria (1963). Foi presidente do ASA e um dos fundadores da Companhia Telefônica de Arapiraca – CTA.

Fonte: Eli Mário Magalhães e Manoel Lira

Produção Editorial: Roberto Baía e Carlo Bandeira