Fiscalização afirma que moradores de seis cidades do Agreste de Alagoas consomem água de má qualidade

Nesta quinta-feira (28), a equipe de Recursos Hídricos da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco concluiu análise e afirmou que a água distribuída para os moradores de seis cidades do Agreste de Alagoas é de má qualidade.

As cidades que tiveram a água verificada foram Limoeiro de Anadia, Feira Grande, São Brás, São Sebastião, Campo Grande e Olho d’Água Grande. A equipe observou que a situação piora na zona rural.

A reportagem entrou em contato com a Agreste Saneamento, que atua na captação, adução e tratamento da água distribuída em quatro municípios da relação (São Brás, Olho D’Água Grande, Campo Grande e Feira Grande).

A empresa diz que “as indicações de desconformidade nos padrões de potabilidade estão relacionadas a fontes alternativas, que não fazem parte da malha de distribuição e consequentemente não seriam atendidas pela água fornecida pela Agreste Saneamento”.

A Agreste Saneamento também afirma que “fornece água dentro dos padrões de potabilidade para que outras concessionárias realizem sua entrega ao consumidor e gerenciam e controlam toda a rede e estruturas como reservatórios, para que se mantenha o mesmo padrão de potabilidade do fornecimento” (veja a nota na íntegra ao final da matéria).

De acordo com a FPI, os fiscais estiveram em 40 pontos de distribuição públicos e privados: Sistemas de distribuição (SAA), intradomiciliares e Soluções Alternativas Coletivas (SAC) sem rede, como chafarizes.

Eles coletaram 40 amostras de água, que “apresentaram falta de cloração, presença de coliformes totais e, grande parte delas, bactérias Escherichia coli (e.coli), principais responsáveis pelos surtos de diarreia que acometem os moradores do Agreste alagoano”.

Ao observar a falta de cloro na água logo na primeira análise feita nos locais de coleta, a FPI fez o deslocamento até as secretarias municipais de saúde para notificá-las, dando prazos para que a situação seja ajustada.

As amostras foram levadas para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), em Arapiraca, onde os resultados saem em até 24 horas.

Elisabeth Rocha, engenheira sanitarista ambiental do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), ressalta que esse trabalho protege a população de problemas de saúde.

“As doenças diarreicas são as mais comuns, porém, há outras mais graves, como a cólera. Elas acometem principalmente crianças, idosos e pessoas enfermas. E este trabalho laboratorial da qualidade da água também está sendo executado junto as amostras da equipe do projeto Sede de Aprender, que tem coletado água nas unidades escolares e em comunidades tradicionais. Então, em resumo, o que estamos fazendo por meio da FPI é um grande alerta e um trabalho de orientação para que os gestores saibam das suas responsabilidades no tocante a saúde de cada morador da cidade. E, na sequência, com base nos relatórios produzidos, o Ministério Público vai atuar de forma individualizada na busca pela melhoria da qualidade da água fornecida à população de cada município”.

Ao final desse processo, também será possível identificar se há a presença de agrotóxicos na água. Em relação à isso, o objetivo também é identificar irregularidades no uso e comercialização desses produtos.

“Tal tipo de contaminação na água é um problema que pode comprometer a qualidade dos recursos hídricos e a saúde humana, podendo causar até câncer devido a presença de determinadas substâncias com teores acima do especificado pela portaria de qualidade da água do Ministério da Saúde”, diz Elisabeth.

“O grupo tem encontrado nesses mesmos municípios muitas irregularidades quanto a comercialização e o uso indiscriminado de agrotóxicos, que são vendidos sem receituário agronômico e utilizados nas propriedades rurais. Essa forma indevida de uso pode causar sérios riscos aos usuários e ao meio ambiente. As amostras, em razão da parceria estabelecida entre a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e o Ministério da Saúde, serão enviadas ao laboratório de referência da FioCruz, no Rio de Janeiro, um dos mais especializados nesse tipo de análise.”, complementa a FPI.

Além do MPAL, a equipe de Recursos Hídricos da FPI também é formada por integrantes do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL).

Veja a nota da Agreste Saneamento abaixo:

A Agreste Saneamento informa que é responsável, desde 2012, pela captação, adução e o tratamento da água de 10 municípios alagoanos (São Brás, Olho D’Água Grande, Campo Grande, Girau do Ponciano, Feira Grande, Lagoa da Canoa, Arapiraca, Craíbas, Igaci e Coité do Nóia), onde o controle e gestão da distribuição até o consumidor final não fazem parte das atribuições da empresa. As indicações de desconformidade nos padrões de potabilidade estão relacionadas a fontes alternativas, que não fazem parte da malha de distribuição e consequentemente não seriam atendidas pela água fornecida pela Agreste Saneamento.

A empresa fornece água dentro dos padrões de potabilidade para que outras concessionárias realizem sua entrega ao consumidor e gerenciam e controlam toda a rede e estruturas como reservatórios, para que se mantenha o mesmo padrão de potabilidade do fornecimento. Por mês, cerca de 20 mil análises laboratoriais atestam a qualidade da água que produzimos nos Sistema Adutor do Agreste e no Sistema Coletivo do Agreste. Nas cidades de São Brás, Olho D’Água Grande, Campo Grande e Feira Grande, levamos a água até as redes de abastecimento que são geridas por outras concessionárias do setor que atuam em Alagoas.

A Agreste Saneamento segue as melhores práticas do setor, sempre com foco na sustentabilidade e no respeito ao meio ambiente. Comprometida com a saúde e o bem-estar da população, a Agreste Saneamento reforça a importância do consumo de água de fontes seguras, com certificação e monitoramento constante.

POR JÁ É NOTÍCIA