O projeto Raízes de Arapiraca retomou a exibição dos documentários que contam a história dos moradores da cidade de Manoel André. A 5ª edição foi lançada no último domingo (17), no CineSystem do Arapiraca Garden Shopping.
O projeto é um dos maiores produtos etnográficos sobre a história de uma cidade e seu lançamento contou com a presença do idealizador do Raízes de Arapiraca, o deputado estadual Ricardo Nezinho, a vice-prefeita do município Ruth Nezinho, personagens e seus familiares.
Um dos homenageados foi o procurador de justiça aposentado e provedor do Hospital Nossa Senhora do Bom Conselho Geraldo Magela Pirauá. Ele, assim como muitos, veio de fora e encontrou em Arapiraca a oportunidade de se enraizar, contribuindo com o desenvolvimento da capital do Agreste alagoano desde meados da década de 1970.
Filho de Joaquim Lins Pirauá e Margarida Barbosa Pirauá, Geraldo Magela é natural de Porto Calvo, uma das cidades mais antigas de Alagoas. Foi lá que passou sua infância dividido entre os banhos de rio e os estudos até que aos 11 anos perdeu seu pai, a quem nutre muita admiração pela inteligência e humildade. A família materna foi um apoio fundamental para que ele continuasse em busca de realizar o sonho de sua mãe, ver o filho se tornar alguém na vida.
Partiu rumo a Maceió para estudar o que na época chamavam de ginásio. Após morar com os tios, mudou-se com a mãe para uma casa bastante simples, no bairro do Prado, com ajuda dos tios. O irmão mais velho estava internado em uma Casa de Saúde para pessoas com problemas mentais e o irmão mais novo estudava no Colégio Interno do Pio XII, em Palmeira dos Índios. Na época, trabalhava durante a semana como securitário e se dedicava à leitura nos fins de semana, principalmente de Jorge Amado que lhe marca até hoje.
No início dos anos 70 passou no vestibular para Direito da Faculdade de Alagoas e passou a ser bancário no Banco Nacional para conciliar com os estudos. O rapaz tímido se dedicou aos estudos com o intuito de poder cuidar de sua mãe. Casou-se com Maria Zélia em 1974, ano em que concluiu a faculdade.
Rumo ao desconhecido
Até então, Magela pouco tinha ouvido falar de Arapiraca, estudou com dois arapiraquenses: Enoque Macedo Júnior e o ex-deputado Elionaldo Magalhães. Mas a cidade de Manoel André não fazia parte dos planos do estudante de Direito. Até que o convite do professor Marcello Lavenère Machado para um projeto de extensão mudou o destino de Magela e na terra desconhecida fez raízes profundas.
Recém-formado, o advogado veio para passar apenas 60 dias e aqui ficou. Em 1975, Dr. Geraldo Magela Pirauá abriu seu primeiro escritório e já no ano seguinte, após trabalhar em uma grande causa com João Batista Pereira, se tornou sócio do ex-prefeito de Arapiraca.
Magela advogou, ensinou, contribuiu para que Arapiraca crescesse com o potencial que viu aqui desde que chegou nessa terra. Em 1978 foi nomeado promotor de justiça e se recorda da época em que Arapiraca ainda não tinha Fórum. Os júris funcionavam nos cartórios e, em casos com grande repercussão, o público chegava a quatro mil pessoas nas sessões aconteciam no Clube dos Fumicultores. Hoje Arapiraca conta com um sistema judiciário estruturado, com grandes contribuições de Geraldo Magela Pirauá.
Ao longo dos anos, ele se destacou pelo trabalho e, principalmente pelo trato com as pessoas, sem distinção. Ganhou diversas comendas que reforçaram ainda mais a tolerância e a humildade do procurador. Após mais de um ano como corregedor do Ministério Público de Alagoas, decidiu dedicar-se mais ao Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, sendo provedor da instituição de saúde filantrópica que atende a população de Arapiraca e região, referência em serviços e um dos hospitais da linha de frente no combate ao Covid-19.
Geraldo Magela Pirauá é um homem de rotina, ainda dedica o fim de semana a leituras e divide o tempo livre com a família. De voz serena, faz um balanço de toda sua trajetória e tem a certeza de que ainda tem muito o que contribuir com Arapiraca. Mantém amigos feitos desde a sua chegada e admiradores de sua benevolência e justiça.
“Quero ser lembrado como uma pessoa que cometeu alguns equívocos, mas que nunca, em sã consciência, desejou mal a alguém. Gostaria de ser lembrado como uma pessoa que quando teve a oportunidade de fazer o bem não se negou a realizar”. É com essas palavras de Geraldo Magela Pirauá que o filme sobre esse filho que Arapiraca acolheu se encerra.
Fonte: Jornal de Arapiraca/ Lysanne Ferro