Em março de 2018, dois anos antes do início da pandemia da Covid-19, os maceioenses, especialmente de alguns bairros, iniciavam um drama, que ao longo dos anos, se revelaria como o maior da capital alagoana. Um tremor foi sentido em diversas partes da cidade, sendo o primeiro abalo sísmico registrado nos últimos sessenta anos. Mas não se tratava de um simples tremor de terra. O que se descobriu em seguida, era que o tremor estava ligado a região marcada por minas de sal subterrâneas operadas pela Braskem. Aquele abalo causou rachaduras em casas, abrindo, inclusive, buracos em muitas ruas. Com a exploração desenfreada de minas muito próximas umas das outras, um colapso provocou tremores de 2,5 pontos na escala Richter.
De lá para cá, o drama envolveu cerca de 60 mil pessoas em Maceió, que tiveram que ser desalojadas de 4 grandes bairros por causa do afundamento de solo provocado pela mineradora Braskem. O processo de afundamento atingiu os bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto e provocou a remoção de milhares de pessoas das suas casas ou pontos comerciais. Depois, mais dois bairros, Flexal de Cima e Flexal de Baixo, também iniciaram o afundando. Os quase mil moradores que restaram por lá correm verdadeiro risco de morte: a qualquer momento, eles próprios e suas casas podem ser engolidas pela terra. Segundo estimativas, o afundamento chegou a comprometer 5,5% da área urbana de Maceió.
Problemas psicológicos, mas também físicos, são algumas das sequelas que esse trauma causou em milhares de moradores que tiveram de deixar suas residências. Em muitos muros de casas abandonadas se pode ler: “Não apenas casas, mas as vidas das pessoas foram destruídas”. Em abril de 2019, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulgou relatório informando que a extração de sal-gema feita pela Braskem foi a principal causa para o surgimento de rachaduras, fissuras e tremores nos bairros de Maceió.
O projeto ‘Vidas Afundadas’, do portal Tribuna Hoje, que foi um dos veículos selecionados para participar do programa “Acelerando a Transformação Digital”, realizado pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) e pela Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner) em parceria com a Meta (empresa responsável pelo Facebook, Instagram e WhatsApp) e o Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), conta, em vários capítulos, a história das pessoas que tiveram que deixar para trás suas casas e suas empresas nos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto.
Fonte: Jornal de Arapiraca/ Cláudio Bulgarelli