Sim, os democratas estão voltando ao poder! E como os alquimistas de Jorge Ben Jor são pacientes, assíduos, perseverantes e evitam qualquer relação com pessoas sórdidas. Estão empenhados em buscar o elixir que levará a democracia brasileira à imortalidade. Têm como pedra fundamental o diálogo, frequentemente usado para falar de esperança, embora o ambiente político tente desencorajá-los.
Escolheram com carinho a hora e o tempo de iniciarem o seu precioso trabalho para fortalecer o regime político brasileiro. E começaram trazendo para essa trincheira os senhores do futuro. O diálogo dos artistas democratas e progressistas com a juventude evidenciou a importância da participação dela na reconstrução do país e resultou na inscrição, como eleitores, de 2 milhões de jovens com idade de 16 a 18 anos. Somados aos que possuem até 34 anos são quase 53 milhões aptos a depositar nas urnas a sua opinião sobre os rumos que o país deve seguir.
Estima-se que nesta faixa etária o número de abstenções será pequeno, dada a consciência da juventude no significado desse pleito para o Brasil. As pesquisas indicam que o ex presidente Lula lidera com folga entre eles em razão dos programas implantados no período em que governou o país, criando oportunidades de qualificação profissional com a ampliação do número de vagas nas universidades públicas e privadas e nos institutos federais, e de alocação no mercado de trabalho com os incentivos à geração de empregos, sem diminuição de direitos.
A esperança de que o Partido dos Trabalhadores realize um governo voltado para os problemas que afligem às minorias também entra no cálculo dos jovens. Diferentemente dos que têm mais idade, eles encontram nos ambientes que acolhem as diversas formas de ser, o espaço ideal para expansão da sua própria natureza. Levam a certeza, assim como Fernando Pessoa, de que “para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui”. Aceitam-se, reconhecem nos outros o direito de serem como são e ambicionam mudar o governante, no primeiro turno das eleições.
A construção dessa vitória contará também com muitas mãos femininas. Mãos de mulheres de etnias, regiões, formações, crenças, idades, condições econômicas diferentes. De comum a realidade de não serem princesas; não viverem em palácios; não possuírem servos; não desejarem governos autocráticos. Entrelaçadas, plantarão a vitória de Lula, mas conscientemente dirão como Conceição Evaristo que “o laçar de mãos não pode ser algema e sim acertada tática, necessário esquema”.
Tática que derrotará a misoginia que se sentiu à vontade nos últimos anos no governo central e contribuiu para o aumento da violência de gênero. Esquema que exigirá do governo do Partido dos Trabalhadores o combate à fome, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, a ampliação da proteção social, a geração de empregos, um programa de moradia digna e a elevação dos investimentos em educação. Uníssonas bradarão que o desrespeito às mulheres, do atual presidente, matou muitas de suas flores, mas não é capaz de impedir o florescimento de tantas outras que explodem em beleza e perfume para celebrar a sua derrota.
Envolvidas na fragrância da primavera que não será detida, nocautearão, no primeiro turno, a intolerância, a ignorância, a apologia à violência, a falsa fé religiosa, o tosco nacionalismo e permanecerão atentas aos movimentos da extrema direita brasileira que deseja impor, à nação, valores fascistas.
O triunfo dos democratas também deverá muito aos nordestinos. Por aqui não há polarização. Não há lugar para a barbárie política. Esse solo é habitado pelos que viveram, beneficiaram-se e entenderam a experiência de um governo federal voltado para o desenvolvimento da região. Está lá no artigo terceiro da Constituição – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais – como objetivo fundamental da República, entretanto, somente Lula fez investimentos vultuosos para atingi-lo. Isso é parte da nossa memória, é parte da nossa história.
Usaremos as lágrimas das saudades dos amores que morreram por falta de vacinas; lágrimas indignadas pela destruição da proteção social; lágrimas revoltadas pela fome que assola o Brasil somadas as águas transpostas do Rio São Francisco e das cisternas entregues por Lula e Dilma para regar os canteiros de onde brotarão os sonhos e as oportunidades. E como Belchior cantaremos “não eu não sou do lugar dos esquecidos, não sou da nação dos condenados, não sou do sertão dos ofendidos, conheço o meu lugar”. E esse lugar é o Brasil da esperança, pedacinho da Terra onde não se tem medo de ser feliz! É o país de Lula e de todos os brasileiros.
No dia 02, nas urnas, seremos mais que nós. Seremos pelos que se foram em condições indignas, pelos que estão, hoje, vivendo nessa situação e também pelos que estão vindo e não merecem nascer em terra arrasada pelo ódio. No dia 02, democratas, mulheres e nordestinos ambicionam, como os jovens, eleger Lula, Presidente do Brasil.