Lembrar o passado é trazer de volta à memória fatos, imagens e a vida de cada um que participou de Arapiraca. Menos ou mais importantes, todos são iguais na ainda incipiente vida do município. A memória ressurge diariamente, entre a família ou através de amigos. Aqui e agora a memória viva de homens e mulheres que fizeram Arapiraca.
Maria de Lourdes Barros (1948/2009)
Foi a primeira arapiraquense a ser Miss Alagoas. Com 19 anos, em 1967, foi eleita Miss Arapiraca e, logo após, Miss Alagoas, representando o estado no concurso Miss Brasil, inclusive em viagens internacionais, como Peru, Bolívia e Chile. Servidora do município de Arapiraca, concluiu, em Maceió, o curso de odontologia, profissão que exerceu por quase trinta anos. Casada, deixou três filhos. Morreu em 2009, vítima de leucemia mieloide aguda.
Cristão: católico e protestante
Pedro Balbino Sobrinho, brasileiro de Arapiraca, nasceu em 1915, no Sítio Serra dos Ferreiras, zona rural do município agrestino, era o filho mais novo da prole de quatro. Em 1938, aos 23 anos, casou-se com Maria Vieira Balbino (conhecida como Dona Lia Balbino), donde nasceram 18 filhos, dos quais 14 sobreviveram aos percalços da vida e aos modelos da saúde da época. Pedro Balbino quando casou assumiu o controle de uma nova família e seguiu arrendando terras e trabalhando para o sustento da família e ajudar, ainda aos irmãos, com o passar do tempo juntando economias adquiriu várias glebas de terras, as quais permanecem com a família até os dias atuais. Pedro Balbino que era católico apostólico romano, em 1956 passou a frequentar a 1ª Igreja Batista de Arapiraca e levou junto grande parte de seus familiares.
No decorrer de sua vida funcional como agricultor, produziu milhares de quilos de algodão, farinha, milho, feijão, inhame, amendoim, batata e de fumo que durante décadas foi a mola propulsora da economia de Arapiraca e da Região e, assim Pedro Balbino Sobrinho, contribuiu como muitos outros com o crescimento e o fortalecimento da cidade e de sua família, faleceu em maio de 2000, aos 84 anos.
Adalberto Pereira Rocha (1917/2015)
Nascido nos Pilões, zona rural de Feira Grande (antiga Mocambo), participou ativamente nos municípios pelos seus desenvolvimentos. Agricultor, pecuarista, comerciante foi um dos fundadores da Cerâmica Arapiraca, situada na Baixa da Onça, entre os dois municípios. Fundou a Radar (revenda de carros Fiat), a Panificação Rio Branco, o Café Coringa (na rua Aníbal Lima), participou da criação da Companhia Telefônica de Arapiraca. Em Feira Grande era pecuarista e fumicultor. Em Maceió, além de proprietário de postos de gasolina, tinha uma revenda de auto-peças na Avenida Fernandes Lima, a Morape. Era irmão do fundador do ASA, Antônio Pereira Rocha, e de Alirio Pereira Rocha, proprietário do primeiro caminhão Ford Roquete de Arapiraca, em 1958.
Notáveis que contribuíram com Arapiraca
Eloísio Ribeiro de Magalhães
Filho do ex-prefeito, escrivão e tabelião João Ribeiro Lima, Eloísio se destacou desde menino como aluno, primeiro de Dona “Chiquinha Macedo”, depois na Escola Técnica Floriano Peixoto, em Satuba (AL). Em 1940, já no Rio de Janeiro, ingressa no Exército do Brasil para, em 1944, apresentar-se como voluntário e, no 11o. Regimento de Infantaria, com mais 10.000 seguir para a Europa, desembarcando no porto de Nápoles, Itália. Participou ativamente como membro da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Após a guerra, foi homenageado pelo governo de Portugal, que tinha como presidente Oliveira Salazar. É considerado um “Herói da Pátria”, recebendo a “Medalha de Guerra”, “Cruz de Combate de 2a. Classe” e “Medalha da Campanha da Itália”.
Joana Vieira Silva (Joaninha) (1937)
Nasceu em Palmeira dos Índios, chegando em Arapiraca quando tinha 12 anos de idade. Formada em pedagogia e em técnica de comércio, atuando no ramo de lavanderia. Foi, contudo, como primeira locutora (radialista) de Arapiraca que ficou conhecida. Primeiro, fundou a rádio São Joaquim, que funcionava em sua própria residência. Foi, também, locutora de serviços de alto-falantes que funcionaram no Largo Dom Fernando Gomes. Mas, foi na Radio Antena de Publicidade (de propriedade da Prefeitura de Arapiraca) onde se destacou, ao lado de radialistas como J. Sá. É servidora aposentada da Prefeitura Municipal de Arapiraca.
João Batista Pereira da Silva
Advogado por profissão, foi administrador e político por pouco tempo: de 1970 a 1973, quando governou Arapiraca. Seu maior legado foi a criação da Fundação Educacional do Agreste Alagoano, mantenedora da Faculdade de Formação de Professores de Primeiro Grau de Arapiraca (com cursos de Letras, Ciências e Estudos Sociais), depois incorporada pelo Estado como FUNESA e atualmente UNEAL (Universidade Estadual de Alagoas). Como prefeito, teve a visão de viabilizar a implantação dos Instrumentos de Trabalho: Código de Obras; Código de Finanças; Código de Parcelamento e Uso do Solo; Código de Postura e Estrutura Administrativa.
Concretizou os projetos do sistema de trânsito urbano; mercados públicos; urbanização do Riacho Piauí (Parque Ceci Cunha, Bosque das Arapiraca); urbanização do Vale da Perucaba; drenagem de águas pluviais da cidade; calçamento de diversos corredores de Tráfego; continuação dos trabalhos de abertura da Av. do Futuro (Av. Cel. Wilson Santa Cruz, hoje Av. Ceci Cunha), abertura da Av. Norte (Av. Miguel Correia de Amorim); abertura da continuação da Rua Estudante José de Oliveira Leite; abertura e alargamento de várias estradas vicinais ligando Arapiraca aos povoados Bananeira, Serrote, Lagoa do Rancho, Canaã, Pau D’Arco, Fernandes (colaboração: engenheiro civil Severino Barboza Lopes)
João Monteiro Araújo (1928/2007)
De origem paraibana, município de Teixeira, trabalhou na juventude na roça e na estrada de ferro. Chegou em Arapiraca em 1960, quando foi eletricista da Força e Luz de Arapiraca, empresa pertencente a Valdomiro Barbosa (durante quatro anos). Seis anos após, foi trabalhar na recém-criada Companhia Telefônica de Arapiraca (foram 10 anos), até esta ser incorporada pela TELASA – Telecomunicações de Alagoas (10 anos na empresa). Aposentou-se em 1996.
Marcelino Diógenes de Paula Magalhães
Logo depois da emancipação política de Arapiraca, no governo de Costa Rego, Marcelino de Paula Magalhães era sub-delegado de polícia, considerado pessoa de mãos firmes – o terror dos ladrões, principalmente ladrões de cavalo.. Era comum para ele a aplicação de penas acessórias as mais violentas, como cortar a mão do deliquente; ou, o mais grave, enfiar prego na cabeça do detento pego roubando. A notícia de sua violência se espalhou rapidamente, pois o município de Arapiraca estava infestado de ladrões. Com sua atitude violenta, o sub-delegado trouxe um pouco de paz e tranquilidade para Arapiraca..
Miguel Valeriano da Silva (1930/2007)
Padre Aldo de Melo Brandão, quando da morte do promotor de justiça, professor e diácono Miguel Valeriano: “Estudou Direito e, por concurso, foi nomeado Promotor Público… exerceu a função com muita probidade como homem de caráter que era como professor de Português, História e Filosofia, lecionou no Colégio N.S. do Bom Conselho; no Quintela Cavalcante, onde também foi diretor e na Faculdade de Formação de Professores. Foi educador emérito, cuidando com muito êxito da formação intelectual, moral e ética dos seus alunos.” Foi professor de português no Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho (antigo ginásio) e no Colégio Estadual Quintela Cavalcante. Promtor de Justiça Estadual e Diácono Permanente da Igreja Católica por mais de 20 anos.
Pedro Arestides da Silva (1912/2002)
De Cacimbinhas (AL), onde nasceu, fugiu na seca de 1939 para Arapiraca aprocurar melhoras. Aqui, foi de tudo: motorista de caminhão, transportava tijolos de Igaci (AL) para o município arapiraquense; depois, foi trabalhar como empregado da empresa Collier, na estrada de ferro; foi agricultor trabalhando na plantação de fumo. Era um humanista e, como tal, enveredou na política, elegendo-se vereador em 1969, 1973 (quando foi presidente da Câmara no período 1975/1976), e reeleito em 1978. O próprio município lhe concedeu o título de Cidadão de Arapiraca, em 1981. Recebeu, da PMAL, a Comenda de Amigo da Polícia Militar de Alagoas (1981), e em 1992, do prefeito José Alexandre dos Santos foi homenageado como Comendador de Arapiraca.
Os primeiros hotéis de Arapiraca
Como pequeno povoado de Limoeiro de Anadia, depois crescendo no planalto conhecido como de Manoel André, em Arapiraca também surgiram os primeiros locais para abrigarem os que chegavam; eram pousadas, depois pequenos hotéis, para darem guarida aos visitantes. Não se deve esquecer jamais do Hotel Lopes, de propriedade de Maria Lopes, que se situava na praça Manoel André (era considerado o melhor de Arapiraca); do Hotel e Restaurante Leão, de propriedade de Rui Leão, na praça Marques da Silva, ao lado onde hoje é o Cartório de Registro Civil; do Hotel Brasil, de Elias Ferreira, também na praça Marques da Silva, ao lado do Banco da Lavoura.
Fazem parte deste levantamento, também, o Meridional Hotel, o Hotel Arapiraca, o Hotel Estrela, o Hotel Real. Era, sem dúvida, o ponto de encontro de viajantes, políticos e comerciantes, que vinham participar do crescimento vertiginoso de Arapiraca.
HOTEL ESTRELA
Foi instalado no prédio onde funcionou o Paço Municipal (sede da Primeira Junta Governativa de Arapiraca), por Florêncio Apolinário, na rua Nova (hoje, praça Marques da Silva). Durante algum tempo, mais precisamente nos anos 30, era conhecido como “Hotel de Dona Rosinha” e recebia viajantes dos municípios vizinhos. Era ponto de convergência da sociedade local, onde se falava de tudo (agricultura, da incipiente plantação de fumo, até de política). Os bailes na cidade, quando havia, realizava-se lá. Como hóspedes, o Hotel Estrela teve o major Vicente Ramos (delegado de polícia), o dentista José de Souza Guedes (que foi prefeito), o promotor Pimenta. Hoje, é somente lembranças.
Meridional Hotel
Fundado por Domingos Motta Acioli, ex-prefeito (na janela, com camisa branca), participou ativamente do progresso de Arapiraca, sempre administrado por sua filha, Maria Carmelita. Situava-se na avenida Rio Branco, onde hoje é o supermercado Unicompra.
Maria Carmelita de Barros Motta (1907/2001)
Segunda filha de Domingos Motta Accioly, administrou o Meridional Hotel durante muitos anos, como proprietária fosse. Solteira, dedicou toda sua vida no bem atender os hóspedes deste hotel situado na avenida Rio Branco, ponto de encontro de viajantes (vendedores para as inúmeras lojas de tecidos e armazéns) e novos inquilinos (bancários do Banco da Lavoura, Banco do Nordeste, Banco Freire Silveira, Banese). Era rígida no tratar dos hóspedes: só ia descansar nas noites frias de Arapiraca da época, quando o último hóspede se recolhesse. Morreu aos 94 anos, sempre atendendo bem. Com seu falecimento, o Meridional Hotel fechou suas portas.
Pio de Matos Melo Hotel Arapiraca
Durante muito tempo, na ladeira que dava frente com a cadeia pública do município, ficava o Hotel Arapiraca, de propriedade de Pio de Matos Melo (1904/1955). Hoje, a ladeira tem seu nome. Ele era pai das irmãs Maria de Lourdes (ex-esposa do deputado Claudenor Albuquerque Lima), Creusa Melo (ex-esposa do deputado Cláudio Albuquerque Lima), Tereza Melo (ex-esposa do coronel PM Ataíde de Oliveira) e do professor de francês Niraldo Melo.
Bar e Hotel Leão
Durante muitos anos, entre o Largo Dom Fernando e a praça Marques da Silva (ao lado do Cartório de Registro Civil), funcionou o Bar e Hotel Leão, de propriedade do casal Rui e Dedé Leão (ele, nascido em 1923, no município de Corrente, Pe. Morreu em 2006), e ela em Arapiraca (1928 e falecida em 2004). Era frequentado por viajantes e comerciantes que vinham para as feiras de segunda-feira, como João Sampaio, tio do ex-governador Guilherme Palmeira, e proprietário de terras no Prata, município de São Miguel, e das Dunas de Marapé, hoje no município de Jequiá da Praia.
Fonte: Eli Mário Magalhães e Manoel Lira
Edição: Roberto Baía e Carlo Bandeira