Chegados de perto, a exemplo de lugares, como Mocambo (hoje Feira Grande), Palmeira dos Índios, Limoeiro de Anadia, ou de outros estados, como Pernambuco, Paraíba, Ceará, os migrantes se instalaram em Arapiraca desde sua consolidação como lugar próspero e desenvolvimentista. Nem só dos nascidos Arapiraca se fez. Houve, e ainda há, uma miscigenação.
Pessoas como Geraldo Lira, Valdomiro Barbosa, Elias Ferreira, Manoel Severino, Luís Santos, José Ernesto de Souza, Manoel Ernesto Bezerra, Zezé Moço, José Salú, José Atanázio, chegaram e empreenderam negócios no novo município.. Cresceram com Arapiraca. As mulheres, como Maria Gildete Lira ou Argentina Melo também sobressaíram. A exemplo de Maria Fragoso, Isabel Torres, Maroquinha Brito, já citadas em outras edições deste Jornal de Arapiraca.
Aqui e agora uma síntese desses homens e mulheres que contribuíram enormemente para elevar Arapiraca. Muitos outros, não citados, também formaram o município criado através de esforços comuns. Vamos a eles:
José Atanázio de Morais (1926/1991)
Filho de Canhotinho, Pernambuco, mas morador muito tempo em Lajedo (onde foi vereador por duas vezes), chegou em Arapiraca no início dos anos 60, cheio de filhos (oito), trazido por Paulo Lins, proprietário da Sorveteria Silvana (situada na praça Marques da Silva, ao lado do antigo Banco da Lavoura). Morou, primeiramente, na rua 15 de novembro, onde montou a fábrica de macarrão Paladim (que, depois, foi transferida para a rua Florêncio Apolinário, no Alto do Cruzeiro). Um de seus filhos, Elionaldo, foi deputado estadual e superintendente da SUDENE. Sua esposa, na década de 60, Noêmia Magalhães, foi a primeira professora de arte culinária em Arapiraca (preparava muitas jovens para atividades culinárias).
Alípio de Oliveira Caldas (1902/1982)
Nascido em Rio Largo, ano de 1902, deixou os estudos para trabalhar na farmácia da Cooperativa do Setor Fabril, em Lourenço de Albuquerque, no mesmo município. Logo depois se aventurou e procurou Arapiraca para se instalar como farmacêutico na praça Manoel André.,
Homem de gestos simples, foi angariando a amizade dos arapiraquenses. Entrou na política municipal, ao lado da família Lúcio, elegendo-se vereador. Foi presidente da Câmara de Vereadores e representou Arapiraca no II Congresso Nacional dos Municípios, em Minas Gerais. Era um conciliador por natureza.
Abandonou a política e foi residir em Maceió, adquirindo a Drogaria Osvaldo Cruz. Terminou sua vida como servidor da Assembléia Legislativa.
Maria Gildete Lira de Lima (1927/2005)
Sua vida foi a educação. Filha do município de Feira Grande, concluiu em 1944 o curso normal em Penedo, sendo diplomada professora primária. Aqui, em Arapiraca, após ser aprovada em concurso público do Estado, lecionou primeiramente na escola isolada de Lagoa da Canoa (pertencia ao município de Arapiraca); depois, em 1945 foi designada para lecionar no Grupo Escolar Adriano Jorge, onde ficou até 1969. Lecionou, também, no Grupo Escolar Pedro II e Grupo Escolar Virgínio de Campos, em Maceió, e Grupo Escolar Arthur Ramos, até 1973, quando se aposentou com 35 anos dedicados a educação arapiraquense e alagoana.
José Matheus do Nascimento – Zezé Moço (1896/1961)
Na formação de Arapiraca, seu crescimento e desenvolvimento, não se pode esquecer a figura de Zezé Moço que, vindo de Pindoba, aqui se instalou. Primeiramente como agricultor (plantador de fumo e mandioca na Lagoa do Rancho), depois como comerciante de tecidos em loja na hoje praça Manoel André. Casado, a primeira vez com Leta Mattos Melo, de Palmeira dos índios, com quem teve 11 filhos, dentre eles Haroldo Matos Mateus, Valdemar Lopes Mateus, Amparo Matos, Dedé Matos, Margarida Matos, Aparecida Matos. Conservador nos costumes, orgulhoso e firme no tratar com as pessoas, era o mentor de Deca Moço, Durval Moço, Vitinho Moço.
Luiz Pereira Santos (1910/1987)
Comerciante e agricultor, foi, durante o governo de Silvestre Péricles, delegado municipal de Arapiraca. Era originário de Serra Talhada, Pernambuco, aqui chegando juntamente com o irmão, Francisco Pereira Lima, vindo através de Tanque D’arca. Foi, também, servidor do DER/PE. Sua casa comercial ficava situada onde hoje é a praça Manoel André (antiga rua do Comércio). Homem sério, enérgico, mas simples. Era primo do ex-prefeito Luís Pereira Lima.
Geraldo Lira (1922/1999)
Nascido do Mocambo (hoje Feira Grande), cedo se instalou em Arapiraca. Primeiro, foi comerciante de secos e molhados, com loja na praça Manoel André, onde logo foi um dos maiores comerciantes do município. Instalou uma indústria de beneficiamento de algodão, às margens do trevo Padre Jeferson de Carvalho. Foi um dos prmeiros sócios da RADAR – primeira revendedora de produtos FIAT do município; também foi sócio da maior cerâmica de Arapiraca. Participou da sociedade que trouxe ao município os primeiros telefones, a CTA – Companhia Telefonica de Arapiraca. Sua instrução educacional não passou do antigo primário, mas foi presença marcante nos empreendimnentos econômicos, sociais e religiosos do município. Era um dos aliados de João Lúcio da Silva, participando ativamente da política local, como membro da antiga UDN – União Democrática Nacional.
Manoel Severino dos Santos (1926/1993)
Manoel Severino dos Santos nasceu em 03 de maio de 1926 na cidade de Agrestina – Pernambuco. Chegando em Arapiraca no ano de 1949 começou sua vida como agricultor e, em seguida, como marchante de carne suína onde tinha uma tarimba no mercado público. Depois de certo tempo, abriu uma mercearia na esquina da Aníbal Lima com a praça Marques da Silva, onde hoje está instalado a Arezzo. Depois da mercearia, Manoel Severino dos Santos abriu o Bar e Restaurante Continental, no Largo D. Fernando Gomes. Era um autodidata e com seu tino comercial aguçado abriu uma loja com o nome de A EXPOSIÇÃO, vendendo bicicletas rádios, máquinas de costura, eletrodomésticos e peças para automóvel. Foi o primeiro revendedor da VOLKSWAGEN, e seu representante: a ARAVEL Arapiraca Veículo Limitada. Manoel Severino dos Santos veio a falecer em 23 de setembro de 1993.
Valdomiro Barbosa (1919/2003)
De tradicional família de Limoeiro de Anadia (os Barbosa), chegou a Arapiraca como comprador de folha de fumo, transformando-se, com o tempo, em exportador do produto para a Europa, principalmente Espanha. Foi um dos primeiros a instalar a energia elétrica para Arapiraca, através da companhia Força e Luz de Arapiraca, cuja concessão foi outorgada pelo decreto do presidente Juscelino Kubitschek, em 1959. Depois, foi incorporada pela CEAL – Companhia de Eletricidade de Alagoas, empresa estatal. Foi funcionário dos Correios e Telégrafo, tendo sido guarda-fio e carteiro. Na política, pelo antigo PTB e apoiado pela família Lúcio (UDN), candidatou-se a prefeito, sendo derrotado por Luís Pereira Lima, do PSD.
Elias Ferreira da Silva (1914/1994)
Nascido em Belo Jardim, Pernambuco, chegou em Arapiraca em 1953, morando, primeiramente, na praça Marques da Silva (antiga praça Gabino Besouro, onde se situava o Hotel Brasil). Alí, também, foram instaladas as agências de passagens dos ônibus da Progresso (para Penedo, Garanhuns, Caruaru e Recife) e da São Geraldo (Rio, São Paulo). Destacou-se como um dos maiores torcedores do ASA, inclusive teve um de seus filhos, Dedê, como jogador e um genro, o Seba, como um dos maiores zagueiros do time arapiraquense. Além disso, era um carnavalesco: foi fundador da Escola de Samba Gigantes do Ritmo, que depois chamou-se Escola de Samba 30 de Outubro.
José Ernesto de Souza (o Moco)– (1926/1985)
Nascido em Coruripe, chegou em Arapiraca em 1956, atraído pelo progresso e desenvolvimento do município. Vendeu o caminhão, do qual dependia o sustento da família (mulher, Maria José Lessa de Souza, e 11 filhos) e uma fazenda em Penedo. Com o resultado das vendas, montou uma das primeiras oficinas de carros da cidade. Em 1975, com visão, comprou maquinário no Recife (vindo da Itália) e construiu a Oficina São José Ltda, a primeira do interior de Alagoas, especialista em retífica de motores de carros. Faleceu no Recife, Hospital Real Português, acometido de um AVC isquêmico, deixando os filhos Marli, Marlene, José, Vera, Jorge, Ana, Helena, Paula, Luiza, Valdete e Adriano.
Durval de Brito (Chicote) – (1917/)
Filho de Pesqueira, Pernambuco, chegou na região nos idos dos anos 50, se instalando, primeira, em Lagoa de Dentro, aqui no município de Arapiraca. Como, também, no povoado Carnudo, município de Girau do Ponciano, onde começou uma plantação de fumo. Chegou a ter 12 mil quilos de fumo em corda num ano. Morou, durante muito tempo, na rua Curitiba, onde era chamado de Durval Chicote (o apelido era, segundo os filhos, pela presteza certeira diante das “coisas da vida e do mundo”). Foi casado com dona Maria com quem teve muitos filhos.
Argentina Melo de Brito (1936/)
Nascida em Lagoa da Canoa, jovem, com 21 anos, iniciou um périplo pelo Brasil. De início, Maceió, onde estudou contabilidade; depois, São Paulo, estudando datilografia e trabalhando no antigo Banco da Lavoura. Foi para Recife e, logo depois, para a cidade de Bom Conselho, concluindo o curso pedagógico. Saudades, voltou à terra natal, Lagoa da Canoa. Finalmente, em 1964, quarenta anos depois da emancipação política, chegou a Arapiraca. Aqui, instalou uma das primeiras escolas de datilografia, que funcionou por 14 anos, e era situada na rua do Sol. Chegou a ser Miss Arapiraca da Idade Dourada, representando o município em Goiás.
José Salustiano da Silva – José Salú (1924/1991)
Chegou ainda jovem no sítio Goitizeiro, zona rural de Arapiraca, vindo de sua terra natal, Viçosa. Ali cresce e casou-se com Antônia Rita da Silva, com quem teve 15 filhos. Antes de chegar à cidade (rua Boa Vista), foi comerciante, nos anos 40, no povoado Guaribas. Pouco tempo depois, tornou-se proprietário de padaria, Padaria Supapo, fazendo parte da Associação dos Panificadores de Arapiraca. Homem íntegro, foi sócio fundador do Clube dos Fumicultores. Mesmo semialfabetizado, fez de tudo para dar instrução a seus filhos.
Manoel Ernesto Bezerra (1923 / 2009)
Chegado em 1952, vindo de Solânia, Paraíba, como visitante a cidade de Arapiraca, não titubiou: foi buscar toda sua família, a esposa Dalila e os filhos Nelson Ernesto e Nilson Ernesto., fixando residência na rua São Francisco. Os outros 12 filhos aqui nasceram. Primeiro local onde se estabeceu foi onde hoje é o edifício Mota, na avenida Rio Branco. Daí para uma das primeiras fábricas de calçado, foi um passo, surgindo a fábrica Marcelo (que tinha o slogan “Se depender da Marcelo, o Nordeste andará calçado”). Fundou, também, a Sapataria Confiança, que teve filiais em propriá (Sergipe) e Maceió. Pertenceu a Loja Maçônica Perfeita União Secundária de Arapiraca. E 1977, receu o título de “Cidadão Honorário de Arapiraca”.
Fonte: Eli Mário Magalhães e Manoel Lira
Produção Editorial: Roberto Baía e Carlo Bandeira