Pioneirismo na saúde foi a partir dos anos 50

Foto: Capa da Edição 158 do Jornal de Arapiraca

Durante muito tempo a saúde dos arapiraquenses era tratada fora do município. Em Penedo, em Palmeira dos Índios, em Maceió e em Recife (para os mais abastados). Ao que se sabe, somente no início dos anos 50 é que surgiram os primeiros médicos. Fala-se muito do Dr. Valfredo, médico de família, e pioneiro no atendimento familiar.

O médico e político José Marques da Silva chegou em Arapiraca logo depois de sua formatura, na Universidade Federal da Bahia: depois, a vez dos médicos Geraldo e Dagmar Cajueiro, que aqui chegaram em 1955. Geraldo Lúcio, mesmo nascido em Palmeira dos Índios, estudou o primário em Arapiraca. Edler Lins, Judá Fernandes, José Fernandes, Neusvaldo Leão, Geraldo Silva, Pedro Nivaldo Lira (os dois últimos de Feira Grande) são considerados os pioneiros na medicina em Arapiraca. Hoje, com uma faculdade para o ensino da medicina, outra, para enfermagem, o atendimento médico e sanitário passa por diversas clínicas e hospitais.

Dedicação à vida: Dr. Edler Tenório D’Almeida Lins (19017/2000)

Foto: Arquivo

Com mais de 50 anos dedicados à medicina, foi sempre o médico de família em Arapiraca. No início, consultando de casa em casa; depois, como um dos proprietários da Casa de Saúde Nossa Senhora de Fátima, onde sempre atuou no atendimento a pobres e ricos.

Filho de Mar Vermelho (AL), foi em Arapiraca onde viveu mais de cinco décadas dos seus 83 anos de vida. Foi uma referência para jovens médicos. 

Médico amigo: Geraldo Lúcio da Silva (1927/2016)

Foto: Arquivo

Nascido em Palmeira dos Índios (filho de Francisco Lúcio da Silva e Elvira Lúcio da Silva), cursou o ensino primário em Arapiraca e o médio no colégio Guido de Fontgalland de Maceió. Ingressou no 59º Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército Brasileiro, indo, após cursar medicina na Universidade Federal de Pernambuco, com especialização em dermatologia e leprologia. Foi um dos fundadores da Casa de Saúde Nossa Senhora de Fátima. Fora da medicina, foi membro do Lions Clube, várias vezes presidente do Clube dos Fumicultores de Arapiraca e sócio-fundador da Companhia Telefônica de Arapiraca, que depois foi adquirida pela Telasa. Só uma vez fez incursão na política, sendo candidato a prefeito de Arapiraca em 1978.

Médico e cientista: Djacy Correia Barbosa (1931/2013)

Foto: Arquivo

Cientista a sua maneira, o médico era também um altruísta. Durante dezenas de anos foi médico de família, atendendo pessoas indistintamente de posição política e/ou econômica (Arapiraca convivia com duas facções partidárias: udenistas e pessedistas). Diplomado em medicina em Salvador, Bahia, nos anos 50, trabalhou arduamente até fundar, sozinho, um hospital, o Afra Barbosa (no início, era uma clínica na rua Lúcio Roberto), legado que deixou para seus herdeiros. Era um visionário.

Médico e politico

Foto: Arquivo

José Marques da Silva nasceu em 12 de fevereiro de 1924, na localidade de Canudos (hoje cidade de Belém, em Alagoas). Filho do fazendeiro e agropecuarista Alcino Marques da Silva e da professora Josina Marques da Silva. Tinha mais dois irmãos: Otacília Marques da Silva e Valdemar Marques da Silva.

Após concluir o curso primário no distrito de Canudos, Marques da Silva foi estudar em Palmeira dos Índios, fazendo o exame de admissão e todo o antigo ginásio (hoje colegial) em Maceió, estudando no Colégio Diocesano. A Faculdade de Medicina cursou em Salvador, Bahia. Fez residência médica em São Paulo nos anos 51/52. Veio para Arapiraca, em 14 de fevereiro de 1952.  Casou-se com Maria Soares Veira, filha do ex-prefeito de Pão de Açúcar, Alagoas, Pedro Soares Vieira e de dona Maria Vieira, em 31 de maio de 1952. Do matrimônio, nasceram os filhos Mário Alcino (27/05/1953), Cléber (18/04/1955) e Eberth (26/07/1956).

Outra virtude de Marques da Silva era a dedicação e respeito a todas as pessoas, independente da sua condição social ou econômica. Sempre que solicitado, atendia aos clientes em suas residências por mais distante e humilde que fosse, e na maioria das vezes doava os medicamentos quando os pacientes não tinham condições.

O médico e o poeta: Dr. Geraldo Cavalcante Cajueiro (1919/2003)

Foto: Arquivo

Um poema surgido de um médico? Quem o conheceu, desde os tempos de 1954, quando concluiu o curso pela Universidade Federal de Pernambuco, não o sabia poeta, muito menos médico religioso, pertencente a Ordem Terceira de São Francisco, da Fraternidade Santa Margarida de Cartona. Geraldo Cajueiro, como gostava de ser chamado, ou simplesmente Dr. Geraldo, atuou por muito tempo como médico clínico-geral em Arapiraca, onde se fixou com sua mulher, também médica, Dagmar Cavalcante, em 1955.

Como médico, foi contratado como perito da Previdência Social em 1960; médico-perito coordenador das perícias médica do agreste, em 1965; integrou a equipe nacional de inquérito epidemiologista de tracoma no estado do Espírito Santo, em 1970; integrou a equipe nacional de tracomologista para avaliação de epidemia em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, em 1980; assumiu a chefia de coordenação da perícia acidentária e renda mensal-vitalícia – R.M.V., em 1981; coordenador da perícia médica rural – FUNRURAL, em 1982; médico sanitarista de último nível do Ministério da Saúde, em 1983.

De suas habilidades médicas e sanitárias todos o conheciam. E apreciavam. A veia poética e religiosa, porém, somente com a publicação do livro A Verdade, de 1994. É seu o poema   DESCOBRI DEUS: Sou de origem cristã, fui educado no Marista; Na primeira infância, católico praticante. Na adolescência, pensei no sacerdócio – acredita? Mas, a realidade vocacional não era penetrante”.

E segue: “Médico vocacional, presente de Deus; êxito profissional impressionante; Na grandeza material, me aproximei do ateu. E minha conduta pessoal tornou-se deformante”.

E arremata: “Terminando, confesso, sou homem feliz. O reflexo é da crucificação; tudo estremeceu… O clarim da minha felicidade é que diz: No recolhimento, na oração, descobri Deus”.

E, como num arrependimento e súplica, grita: “Perdoa-nos, meu Senhor, Os débitos tenebrosos, De antepassados escabrosos, De iniquidade e de dor”.

Para muitos que conheceram o médico Geraldo Cajueiro, os seus poemas, uma surpresa, lavam a alma; para os religiosos, uma alegria, mesmo tardia, de reconhecer no sanitarista bonachão, bom copo, o descobrir de uma outra vida. Como disse o bispo Dom Fernando Iório, da Diocese de Palmeira dos índios, em 1987: Adorador do Senhor, não poderia o escritor-poeta deixar de cultuar a Pátria num final de século, de impressionante carência de patriotismo. Amam-se os próprios interesses, não se ama a Pátria”.

Para finalizar, sem ser o fim, em A Verdade  falou Geraldo Cajueiro: Não devia existir paciente indigente; Pobreza não é patologia; É uma de nossas tristezas”.

Primeira ginecologista e obstetra: Dagmar Cavalcanti Cajueiro (1930)

Foto: Arquivo

É atalaiense.  Aqui chegou com o marido (em 1955), o médico Geraldo Cavalcanti Cajueiro, depois de formada em medicina pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1954. De início, foi uma pequena clínica na avenida Rio Branco, onde atendia e realizava pequenas cirurgias. Foram muitos os problemas enfrentados pela médica, pois Arapiraca não tinha nenhuma casa de saúde, apenas postos de saúde. Ela saía pelos sítios, onde fazia muitos partos.

Como a carência de médicos era enorme (nessa época Arapiraca contava com quatro médicos: Dra. Dagmar, Dr. Geraldo, Dr. Edler e Dr. Marques da Silva), os quais davam assistência a toda região

Após encerrar sua vida como obstetra, passou a trabalhar no 5º Centro da Secretaria de Saúde de Arapiraca e na primeira gestão da Prefeita Célia Rocha, em 1997, passou a atuar na Junta Médica que funcionava na Secretaria de Administração. Encerrou suas atividades como médica em 2000.

Fonte: Eli Mário Magalhães e Manoel Lira

Produção Editorial: Roberto Baía e Carlo Bandeira