
Lampião não morreu em Angicos. Assim, afirma o escritor Antônio Pinto, Pão-de-açucarense, neto do cangaceiro Corisco, braço direito de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, o rei do cangaço.
Segundo o escritor, lampião, após o combinado entre o tenente Aniceto, o prefeito de Pão de Açúcar Joaquim Resende e o próprio Lampião, em Niterói, no município de Porto da folha, Sergipe, no dia 25 de julho de 1938, ficou acordado a vontade do próprio lampião, que disse que se retiraria do cangaço, pois já havia perdido alguns seguidores, inclusive seus três irmãos.
O ataque aconteceu em 28 de julho do mesmo ano. O acordo previa o ataque da volante, comandada pelo tenente João Bezerra, porém seria deixado uma brecha nas fileiras da volante, para a fuga de cangaceiros, de Lampião e Maria Bonita. Dos trinta e sete cangaceiros, morreram apenas onze, segundo Antônio Pinto.
Uma das mulheres coiteira de Lampião, afirmou que na escadaria da prefeitura de Pão de Açúcar, onde foram expostas as cabeças sem corpos, de alguns cangaceiros, incluindo Lampião e Maria Bonita
Após um sumiço de aproximadamente de vinte e cinco anos, aparece, em Pão de Açúcar, no ano de 1963, um cidadão chamado Zé Novato e sua esposa Maria Rita.
Logo após a publicação do livro de sua autoria, “Lampião, a sua verdadeira morte; Angicos não houve o fim”, Antônio Pinto conta algumas das confirmações que tivera. Diz ele que dona Dagmar, sua vizinha, confessara que questionou a dona Maria Rita, esposa do João Novato, que sabia que o seu marido era o Lampião, pois as características eram idênticas as do rei do cangaço; esse homem enfezado, com cara de bandido, cego de um olho… Eu acho que esse homem é Lampião. A dona Maria Rita, falou em baixa voz; respondeu dona Maria Rita, supostamente a Maria Bonita; “A gente escapou, mas não fale para mais ninguém”.
Dona Dagmar guardou o segredo, todos esses anos, mas com a publicação desse livro, ela perdera o medo e confessou ao Antônio Pinto, o ocorrido há muitos anos
Continua Antônio Pinto; “antes de falecer, o senhor Moacir, de 90 anos, meu vizinho, chama-me e confessa o tal segredo. “Eu mandei chamar você agora, porque antes eu tinha medo. Antônio, minha mãe, conhecia Lampião, era amiga dos cangaceiros. Disse para mim, que quando as cabeças dos cangaceiros chegaram e foram expostas na escadaria da Prefeitura de Pão de açúcar, ela se tranquilizou, pois, não havia visto as cabeças nem de Lampião e nem de Maria Bonita. “As cabeças dos dois não estavam na escadaria, fiquei mais tranquila, quando não vi as cabeças de Lampião nem de Maria Bonita”, disse assim, a minha mãe, findou seu Moacir.
O Próprio senhor João Novato, ainda quando eu era adolescente, pediu-me para guardar alguns de seus objetos, e me falou; Antônio, guarda essas coisas com você, que um dia elas serão de grande valia para você. E assim eu o fiz.
João Novato (o Lampião) morreu com 82 anos, em 1985, no HGE, em Maceió, consequência de uma infecção renal.
A sobrinha-neta de Lampião, Severina Ferreira, confirmou-me tudo por telefone, finalizou Antônio Pinto.
CARLO BANDEIRA
Fonte: Jornal de Arapiraca
09/09/2021 05h05