PRINCESA AQUALTUNE REFAZ SEU QUILOMBO EM JARAGUÁ NESTA TERÇA CULTURAL

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A cultura necessita, de quando em quando, celebrar o fim de tempos sombrios. No apagar das luzes da nazifascista extrema-direita brasileira, a liberdade sufocada começando a respirar aliviada. Salve! É chegada a hora de exaltar a vida; é tempo novo para a tradição negra brasileira e para a consciência crítica. E toda arte plural deve ser bem-vinda, vivida e comemorada. Vivenciemos enfim, ainda em 2022, os auspícios de um 2023, espera-se arduamente, alforriado.

É nessa vibe de aurora, em clima de livramento, neste momento histórico do Brasil, que os promotores culturais Marcão e Fafá Rocha realizam em Maceió, nesta terça (29), o Projeto Aqualtune, um congraçamento com a consciência negra. Tem palestra de Patrícia Mourão e filme de Cacá Diegues, no Misa; tem capoeira do Mestre Cláudio, homenagem a mulheres negras e show do Rochinha, no Mercado 31, Jaraguá (confira a programação). Tudo de graça. “É o reconhecimento da cultura afro-brasileira que ajuda o Brasil a se desenvolver, desde seu descobrimento”, explica Marcão.

Aqualtune porque foi guerreira negra e princesa congolesa, escravizada no Brasil. A mãe de Ganga Zumba, a avó materna de Zumbi dos Palmares. “Ela criou o Quilombo dos Palmares”, afirma o promotor. Um projeto idealizado para acontecer há dois anos, interrompido pela trágica pandemia; mas que parece renascer com a mesma força da democracia, linda fênix de fogo flamejante, para acontecer anualmente.

Glória aos deuses! Vai findando o tempo de negro racista no poder, da consentida e criminosa destruição de terreiros de umbanda, do infame estado deslaico. Comemoremos, portanto. É chegado o fim da hora malsã, das chibatas da depressiva sociedade líquida marcando a pele negra e pobre. Hora em que as correntes racistas da ditadura e do autoritarismo devem ser estilhaçadas, após o longo e tenebroso ocaso do cérebro e do amor.

A cultura foi muito maltratada nos últimos anos. Depauperada, destroçada, humilhada. É quem primeiro sofre e queima nos governos autoritários. Negros, pobres, estudantes e trabalhadores não foram feitos para pensar, eles dizem. É, mas na democracia, a gente vota e faz a roda girar. “A melhor fase da vida é a juventude; é uma pena que os jovens não saibam disso”, alerta o pensador. Pois que transmutemos essa pérola para nós. Que façamos nós, a exaltação e perpetuação da nossa história. Com muita inteligência, luta, alegria, vinho e festa. Terça, Jaraguá.

FONTE: ASSESSORIA /ALEXANDRE CÂMARA