Renan Calheiros e Arthur Lira medem forças para fortalecer campanhas em Alagoas

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O senador Renan Calheiros (MDB) e o deputado federal Arthur Lira (PP) são os principais articuladores das campanhas eleitorais em Alagoas e isso tem ficado mais evidenciado nas últimas semanas. Ambos têm muitas bases nos municípios, com prefeitos e vereadores, e, nas redes sociais, exaltam disposição para mostrar quem tem mais força política. Nacionalmente, tanto um quanto o outro também fazem questão de mostrar influência no jogo eleitoral. Para os cientistas políticos Luciana Santana e Ranulfo Paranhos, o comportamento de ambos faz parte da luta pela hegemonia política em Alagoas.

“Hoje em Alagoas, a gente tem esses dois grupos políticos disputando força em todos os espaços de poder político. Então, a eleição de desse ano é mais um capítulo dessa disputa. Ambos buscando as melhores estratégias para que tenham mais força e que, de alguma forma, prejudique o outro. Isso a gente consegue perceber, especialmente, nessa negociação em relação às candidaturas de vice-governador e também para o Senado, em relação aí os nomes que podem vir para suplência”, comenta Luciana Santana.

Segundo ela, um bom exemplo disso são as recentes trocas de insinuações entre Arthur Lira e o deputado federal Pedro Vilela, presidente estadual do PSDB, nas redes sociais.

“Na postagem do [Arthur] Lira, ele está querendo levar isso para a arena nacional, mas não sei se ele vai conseguir emplacar a mesma chantagem que consegue na política local”, pontua Luciana Santana.

Vazou no noticiário político que o PSDB local pode fechar aliança com o MDB alagoano, tendo Pedro Vilela ou como vice do governador Paulo Dantas (MDB) ou na suplência de Renan Filho (MDB) ao Senado. Se nacionalmente, MDB e PSDB – ao menos suas direções – se aproximam eleitoralmente, em Alagoas, os tucanos estavam fechados em torno da candidatura de Rodrigo Cunha (União Brasil) ao Governo do Estado.

Daí, Arthur Lira foi às redes sociais cobrar “coerência” do PSDB local e ameaçou retirar o PP e o União Brasil da aliança em torno da reeleição do governador paulista, Rodrigo Garcia, do PSDB. Logo, Pedro Vilela respondeu e reclamou – sem dar detalhes – de descumprimento de acordo local.

“Renan Calheiros é extremamente hábil na política, assim como o Arthur Lira. Mas Renan Calheiros está tentando se proteger e se manter dentro dos espaços de poder que já ocupa ou ocupou, ou mesmo ampliar essa força”, analisa. “O que teremos ainda por alguns dias é justamente mais capítulos dessa disputa, realmente, de poder, de fortalecimento dos respectivos candidatos e suas bases, e ainda tem muita coisa para a gente acompanhar”, completa Luciana Santana.

Já o cientista político Ranulfo Paranhos ressalta que uma das formas de mensurar força política é pela quantidade de espaços ocupados por determinado grupo.

“Como é que vou mensurar as forças? Mensuro por número de prefeituras, quantidade de votos, quantidade de representantes dentro do parlamento e por aí vai. As autarquias contam, funciona também qual grupo político tem representante na Codevasf, por exemplo, no Banco do Brasil… No caso de Alagoas, o grupo de Arthur Lira conseguiu se juntar, de forma mais efetiva, ao grupo do Rodrigo Cunha, que não era bem assim um grupo. JHC [prefeito de Maceió, PSB] e Cunha, fundaram aí o que seria um novo grupo, mas que terminou se juntando, se fundindo, ao de Arthur Lira”, comenta. “E ainda tem um terceiro, terceiro pé aí, que seria o do Rui Palmeira. Ele pode ser representar muita coisa enquanto persona ao Governo do Estado, mas enquanto grupo, ele não está tão fortalecido quanto os outros dois”, completa Ranulfo Paranhos.

Ele ainda que quanto mais grupos estiverem na disputa pelo poder político, mais forte é o sistema político e, consequentemente, a democracia.

“Quanto maior a quantidade de grupos disputando um único poder, ou seja, quanto mais competitivo tivermos o sistema eleitoral, melhor para sociedade e para o sistema político. Por quê? Porque força a fiscalização pelos pares. Políticos fiscalizam políticos e repassam a fiscalização, dando participação maior da sociedade”, comenta Ranulfo Paranhos.

TROCA DE FARPAS

Nos últimos meses, não foram poucas as vezes que Renan Calheiros e Arthur Lira trocaram farpas e acusações em entrevistas e redes sociais. O ápice da quizila entre eles se deu durante a judicialização da eleição indireta para governador e vice-governador de Alagoas.

Postou-se de quase tudo, de acusações de golpismo a poemas de Carlos Drummond de Andrade. Foi uma “festa” para os assíduos das redes sociais.

Além da situação local, o senador Renan Calheiros sempre tem buscado associar a imagem de Arthur Lira à de Jair Bolsonaro (PL), uma vez que o emedebista – independentemente de a candidatura de Simone Tebet à Presidência vigorar ou não – apoia Lula (PT) na eleição deste ano.

Já Arthur Lira sempre repete o mantra de que o senador do MDB alagoano é chefe de um “clã” que domina o estado há anos. Ambos se acusam de envolvimento com questões judiciais.

Fonte: Tribuna Independente