O ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deu prazo de 48 horas para que a Superintência da Polícia Federal em Alagoas apresente cópia dos documentos que justifiquem a ação policial para investigar compra de votos envolvendo o presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Marcelo Victor (MDB). A decisão é de segunda-feira (10).
https://efce1a9490fa14fc15feb8a35ce689e3.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html”[Determino] à Superintendência da Polícia Federal de Alagoas que, no prazo de 48 (quarenta e oito horas) preste as devidas informações, mediante a apresentação de cópia dos documentos existentes, que justifiquem o ingresso de seus agentes no dia 30 de setembro de 2022, no Hotel Ritz Lagoa da Anta, ocasião no qual abordado o Presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, candidato a Deputado Estadual pelo MDB, Marcelo Victor”, diz o presidente do TSE na decisão.
No dia seguinte à operação, o deputado Marcelo Victor negou que os R$ 146 mil apreendidos na operação seriam usados para compra de votos e disse se tratar de uma ‘denúncia mentirosa’.
A decisão de Moraes é resultado de uma petição apresentada pelo Diretório Estadual do MDB, que tem como presidente o senador Renan Calheiros (MDB), para que o TSE apure a suspeita de interferência política do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), junto à Superintendência da Polícia Federal em Alagoas.
Renan Calheiros e Arthur Lira disputam o comando do governo de Alagoas por meio dos candidatos a governador em segundo turno, Paulo Dantas (MDB) e Rodrigo Cunha (União Brasil). O primeiro é apoiado pelo grupo comandado por Calheiros, e o segundo tem a candidatura articulada por Lira.
Na petição, para justificar a influência de Lira na PF, o MDB o acusa de ter dado “ordem pública” para uma outra ação, a Operação Edema, deflagrada nesta terça (11) e que resultou no afastamento de Paulo Dantas do cargo de governador. A petição menciona um tweet do deputado federal, de agosto desse ano, em que ele fala de “repasses de recursos estranhos à Assembleia Legislativa e tem famosa Operação Edema, que a PF deve colocar pra frente”.
Nesta tarde, o deputado federal Arthur Lira usou as redes sociais para se defender de acusações semelhantes feitas por Calheiros. “Toda vez que ele ou alguém de seu grupo é apanhado praticando o malfeito, me acusa para tentar encobrir suas safadezas. Foi o STJ que viu fortes indícios de corrupção e determinou o afastamento do governador de Alagoas”, postou.
Ainda sobre a interferência na PF, em outro trecho da petição, o MDB cita que “é de conhecimento público, em maio deste ano (2022), o Presidente Jair Bolsonaro, irmanado ao deputado Arthur Lira, promoveu a troca do comando da Polícia Federal em Alagoas”, tendo o novo Diretor-Geral tentado trocar superintendente”.
Em maio, o superintende da Polícia Federal em Alagoas, o delegado Sandro Luiz do Valle, foi exonerado do cargo, semanas após a “Folha de S.Paulo” denunciar que a substituição dele, definida anteriormente pelo diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes, tinha sido barrada pelo Ministério da Justiça.
O diretório alagoano do MDB também alega que a PF cometeu crime eleitoral ao realizar e divulgar a operação envolvendo o deputado estadual Marcelo Victor (MDB).
A reportagem tentou contato com a assessoria da Polícia Federal em Alagoas, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
Na petição, o MDB alega ainda que os agentes da Polícia Federal agiram “sem mandado de busca e sem qualquer causa provável”.
No despacho, Alexandre de Moraes também determinou que o Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL), no prazo de 48 horas, preste as informações que entender necessárias sobre o ocorrido.
https://efce1a9490fa14fc15feb8a35ce689e3.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.htmlO TRE informou que apura a decisão para poder se pronunciar.