A variante Gama, também denominada P1, que foi detectada em Manaus no final de dezembro de 2020 causando nova elevação de casos e óbitos por Covid, inicialmente no Amazonas, rapidamente se tornou a variante predominante no país inteiro, inclusive em Alagoas. “A P1 é a predominante”, afirmou a infectologista Luciana Pacheco.
“Nos meses após sua detecção o número de óbitos no Brasil foi maior do que no ano todo de 2020”, frisou a médica.
Em uma semana, Alagoas confirmou mais 23 casos da nova cepa Gama (P1) do coronavírus. Os casos de variantes no estado cresceram de 122 para 145, segundo o Ministério da Saúde.
De acordo com Anderson Brandão, gerente do Laboratório Central de Alagoas (Lacen/AL), a variante P.1 da Covid-19 possui os mesmos sintomas clínicos da antiga cepa do vírus. “A única diferença que estamos notando até agora é a transmissibilidade do vírus, que está tendo um poder de disseminação maior, com isso ele consegue se espalhar muito mais rápido do que a variante anterior. Por isso precisamos reforçar os cuidados de higiene, do uso da máscara e manter o distanciamento social, respeitando o isolamento social”, salientou.
LACEN
Para a identificação da variante P1 do novo coronavírus, o Laboratório Central de Alagoas (Lacen/AL) realiza a análise da amostra e, confirmando o caso, utiliza métodos de seleção antes de enviar o material para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, laboratório de referência nacional indicado pelo Ministério da Saúde (MS).
Um dos critérios é a busca ativa de pacientes que viajaram para algum dos estados em que a nova cepa está em circulação ou que tiveram contato com alguém que esteve em alguma dessas localidades.
Alguns exames feitos no estado são enviados para a Fiocruz
Anderson Brandão disse ainda que outra frente de trabalho feita pelo órgão é a busca aleatória, no qual alguns diagnósticos feitos pelo laboratório alagoano são selecionados e enviados para a Fiocruz.
“Esses exames são encaminhados para a Fiocruz, local onde será feito o sequenciamento genético para indicar quais variantes estão presentes naquelas amostras. Nos exames da busca ativa vamos confirmar ou não da suspeita da infecção daquele paciente pela nova cepa. E na busca aleatória, nós vamos conhecer, de uma forma amostral, quais são as variantes que estão em circulação no Estado”, explicou o gerente do Lacen/AL.
AMOSTRAS
A seleção dessas amostras enviadas pelo Lacen/AL à Fiocruz é feita com base na carga viral, que deve ser alta para que o sequenciamento genético aconteça de maneira eficaz.
“Quando os exames para a detecção da Covid-19 chegam até o Lacen/AL, todas as amostras são processadas, e separadas seguindo alguns critérios, e a identificação dessa variante só acontece quando é possível isolar esse vírus, e para isso é preciso que a carga viral do paciente esteja alta. E nos casos em que os pacientes positivos apresentarem uma carga viral baixa, não será possível isolar o vírus e o sequenciamento não poderá ser feito”, explicou Anderson Brandão.
Sintomas evoluíram provocados por novas cepas
Acredita-se que assim como houve mutações do coronavírus, dando surgimento a variantes como a Delta, também houve uma evolução nos sintomas da Covid provocadas por essas novas cepas.
O professor Tim Spector, que dirige o estudo Zoe Covid Symptom, no Reino Unido, diz que o sintoma mais comum da Covid por variante Delta são as dores de cabeça. Em seguida, os sintomas mais comuns da variante delta são: dor de garganta, coriza (nariz escorrendo) e febre.
Alguns sintomas que eram muito pronunciados na versão original do coronavírus são menos comuns nessa variante. Com a delta, não há tantas ocorrências de tosse ou de perda de paladar e olfato.
Uma das preocupações das autoridades de saúde é que os novos sintomas da variante Delta são muito semelhantes ao de um resfriado comum. Por conta disso, muitas pessoas sequer percebem que estão com Covid da variante delta, e acreditam estar meramente resfriadas, sem tomar medidas preventivas para impedir o contágio de outras.
Muitos dos sites das autoridades públicas de saúde ainda não foram atualizados para os novos sintomas da variante Delta.
As autoridades dizem que pessoas com duas doses de vacinas contra o coronavírus têm menos chances de serem hospitalizadas com a variante Delta. Um dos indícios apontados pelo governo do Reino Unido é que houve mais hospitalizações de jovens adultos por variante delta — justamente a parcela da população que menos recebeu a segunda dose da vacina.
A Tribuna Independente procurou a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) para saber como está sendo feito o monitoramento, se há fiscalização no aeroporto, porto, rodoviárias e nas divisas do estado. Bem como, se existe algum planejamento ou avaliação para antecipar a segunda dose das vacinas, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.
Infectologista defende antecipação da segunda dose
A variante Delta já chegou a diversos estados brasileiros, inclusive Pernambuco, vizinho de Alagoas. Por esta razão, do ponto de vista do infectologista, Fernando Maia, é importante antecipar a segunda dose para que assim, se possa atingir uma maior cobertura vacinal mais rapidamente.
De acordo com o médico, a variante Gamma, atualmente a que mais circula em Alagoas, é mais transmissível em relação às demais é mais transmissível acometendo mais pessoas jovens que o vírus original.
Os casos de variantes do coronavírus identificados em amostras de pacientes de Alagoas com Covid aumentaram 27% em apenas uma semana, passando de 96 para 122. Conforme o último balanço do Ministério da Saúde divulgado no final do mês de junho deste ano.
A variante Gama, inicialmente detectada em Manaus, no Brasil, continua dominante em Alagoas: 121 casos são da Gamma. Somente um caso é da variante Alpha (Reino Unido).
No dia 18 de fevereiro deste ano foram registrados dois primeiros casos de variantes em Alagoas e até o dia 27 de março somavam 23. Até 21 de maio: 46 casos de variantes; até 12 de junho: 96 casos de variantes e até 19 de junho: 122 casos de variantes.
Ao menos cinco estados adotaram o encurtamento do prazo mesmo sem o aval do governo federal para a segunda dose: Espírito Santo, Maranhão, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Pernambuco. Desses, apenas o Maranhão confirmou casos da Delta. Em Santa Catarina, o intervalo entre as doses da AstraZeneca passou para 10 semanas. De acordo com a Secretaria de Saúde do estado, a medida tem como objetivo “organizar o processo de vacinação” para evitar atrasos nas segundas doses.
Pernambuco registrou, na última quarta-feira (14), os dois primeiros casos da variante delta do novo coronavírus em tripulantes filipinos de um navio cargueiro que está atracado no Porto do Recife.
BOLETIM
O Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), da quinta-feira (15/7), confirmou 170 novos casos de Covid-19 em Alagoas. Dessa forma, o estado tinha um total de 224.758 casos confirmados do novo coronavírus até ontem, dos quais 2.289 estão em isolamento domiciliar.
Outros 216.352 pacientes já finalizaram o período de isolamento, não apresentam mais sintomas e, portanto, estão recuperados da doença. Há 8.774 casos em investigação epidemiológica. Foram registradas 16 mortes em território alagoano. Com isso, Alagoas tem 5.594 óbitos por Covid-19.
Fonte: Tribuna Independente / Ana Paula Omena