100 anos de Arapiraca: Os primeiros nomes das ruas

Foto: Arquivo

Vai, meu filho, ali na rua da Matança e compre um quilo de carne, com osso corredor viu, pois quero comer um pirão!

Assim, ou mais ou menos assim, falava o arapiraquense ao filho, lá pelos fins do século XIX e início do século XX. A rua da Matança hoje é o Largo Dom Fernando Gomes, vizinho à rua Nova, ou como hoje conhecemos como praça Marques da Silva. Ou, como denominou de rua do Cedro a hoje avenida Rio Branco, o primeiro prefeito de Arapiraca, Esperidião Rodrigues.

Naqueles tempos não importava ao poder público denominar nomes de pessoas, ou fatos importantes, às ruas. Era tudo tão simples! Bastava o povo começar a denominar um lugar para que “aquele” nome fosse designado à rua. E nomes simples:

Rua Pinga Fogo, hoje rua Aníbal Lima, que ligava a rua Nova a rua do Quadro, praça Manuel André. Ou, a famosa rua Boca da Caixa, que é conhecida como 15 de Novembro, em homenagem à bandeira brasileira.

Um dos primeiros nomes surgidos na incipiente Arapiraca, foi o das Cacimbas, hoje praça Pereira Magalhães, terra dos originários Leites e Magalhães. De cacimbas para saciar a sede, tornou-se um próspero bairro.

Nem tudo espelhava a beleza do lugar. Havia nomes pitorescos, como Beco do Urubu, que ficava entre a rua do Quadro e o início do Alto do Cruzeiro (ali eram abundantes urubus sobrevoarem o pousarem no local, ao lado dos poços que originaram as antigas olarias. Hoje, o nome da rua é pomposo: rua Governador Luís Cavalcante.

Ou, rua da Cadeia (atual rua Pio Matos de Melo, que ficava entre a rua Nova e a rua da Quitanda (atual rua Manoel Abreu).  

Rua Nova, ao fundo a primeira sede do município. Hoje é a praça Marques da Silva.

Mas, como se dá nome a rua?  É algo tão comum que a maioria de um lugar nunca se importou em saber a motivação. O nome de uma rua, ou de um bairro, ou de um logradouro qualquer, é como os legisladores locais (no Brasil, os vereadores) através de atos próprios identificam a localidade para facilitar junto aos munícipes. Verdade é que todas as ruas devem ser identificadas para facilitar a locomoção, identificação esta que é importante para o poder público, para o transeunte, para o povo em geral e para as empresas, entre tantas.

Os vereadores em reunião analisam a importância de um nome, corriqueiro ou não, pessoal ou não, para identificar uma localidade. Muitas vezes, é nome de pessoa que foi importante para o local; outras, homenageiam datas que homenageiam determinadas passagens. Mas, sempre datas históricas ou religiosas. O edil sempre ouve a voz do povo!

No caso de Arapiraca, nem sempre foi assim. A rua São Francisco, a maior da cidade, é uma homenagem a São Francisco de Paula, ou como os antigos ainda se lembram, a Francisco de Paula Magalhães, um pioneiro. O nome desta rua substitui a tradicional Rua do Arame.

Esta era a rua Boca da Caixa, atual rua 15 de Novembro.

Outro exemplo, já agora em fins dos anos 60: o prefeito João Lúcio da Silva abriu importante rua que saía do fim da rua Nossa Senhora de Fátima (onde está a rádio Novo Nordeste) até a AL 110 (no sítio Mocó), e solicitou à Câmara Municipal para dar-lhe o nome de Avenida do Futuro. E assim foi feito. O novo prefeito João Batista Pereira da Silva, que o substituiu em 1970, solicitou aos legisladores municipais, e foi aceito com satisfação, a mudança do nome da localidade para Avenida Coronel Wilson Santa Cruz, que era comandante do antigo 20 BC (Batalhão de Caçadores)

Muitos ainda se lembram da praça Luís Pereira Lima, que durante muitos anos era conhecida como praça da Prefeitura, local da sede do executivo municipal, dos Correios e Telégrafos, do IBGE e do Aero Clube de Arapiraca (depois Escola Municipal Hugo Camelo de Lima). Ou, a rua vizinha, que hoje chama-se de rua Gordilho de Castro, mas sempre foi a rua do Chafariz.

Fonte: Jornal de Arapiraca / Manuel Lira, Eli Mário e Roberto Baía