Museu Théo Brandão se reinventa em tempos de pandemia

Como pensar em cultura em tempos de pandemia? Ferreira Gullar já profetizara em seus versos “A arte existe porque a vida não basta”. Arnaldo Antunes em sua composição “Comida” tem a melhor das definições sobre nossas outras fomes.  “A gente não quer só comida/ A gente quer comida, diversão e arte/ A gente não quer só comida/ A gente quer saída para qualquer parte/ A gente não quer só comer/A gente quer prazer pra aliviar a dor…”. E foi pensando em aliviar a saudade do alagoano que o Museu Théo Brandão se abriu para uma outra dimensão: o universo virtual. Deixando o alagoano a um clique de distância de sua história e das manifestações culturais de seu povo. Numa parceria com a empresa de comunicação Núcleo Zero, disponibilizou seu acervo para visitas virtuais em 360 graus durante o período de isolamento social, medida também adotada como forma de prevenção ao novo coronavírus.

“Nesse momento, em que a pandemia está estabelecida, é também um modo de continuar uma ligação entre o público, o museu e consequentemente a cultura alagoana”, disse o diretor do MTB, Victor Sarmento, na ocasião do lançamento da plataforma. “No cenário de Alagoas, o Museu Théo Brandão está na vanguarda ao apresentar o seu circuito museológico virtualmente para o público. Esse tour vem para mostrar que o Théo Brandão, mesmo em tempo de pandemia, não perdeu o contato com o público, ainda que de forma virtual, abrindo suas portas, agora, para o mundo inteiro, ressaltou a museóloga Hildênia Oliveira.

Segundo Victor, o período de isolamento foi momento também para trabalhar em um projeto de restauro do Museu, o último trabalho de restauração aconteceu há quase vinte anos, iniciado em 2000 e concluído em 2002. O projeto atual foi realizado pela arquiteta do Museu Théo Brandão, Cynthia Fortes, e pela arquiteta restauradora e professora da Ufal, Adriana Guimarães. Além do MTB, estão incluídos no projeto de restauração dos equipamentos culturais da UFAL, a Pinacoteca Universitária, o Espaço Cultural, o Museu de História Natural (MHN) e a Usina Ciência.

Sarmento nos adiantou que o projeto arquitetônico é uma etapa de um projeto mais amplo do Museu, denominado “Novo Museu Théo Brandão”, cujo objetivo, além da preservação, inclui um novo projeto expográfico, a reestruturação de laboratórios e de setores administrativos, entre outros.  Segundo o diretor, a conclusão do projeto foi importante para que a equipe possa buscar recursos, seja por meio da participação em editais, seja por emendas. “Isso traz esperança em uma total requalificação do Museu para que possamos ampliar as nossas pesquisas e atender ao nosso visitante de uma forma mais atual, com uma imersão interativa, digital, colocando o Museu em outro patamar”, explica.

Paralelo ao projeto de restauro, a equipe tem sido ágil ao abraçar frentes que estão sendo abertas. Desde 2020 tem realizado lives e quando a pandemia arrefeçou pôde prestar uma homenagem ao carnavalesco Gil Lopes, servidor da UFAL por 37 anos, dos quais, 23 dedicados ao Museu Théo Brandão. O artista foi mais uma vítima da covid-19. A mostra carnavalesca “Gil Lopes: carnaval que nos convém” foi uma parceria entre o Museu, o Parque Shopping e o bloco Filhinhos da Mamãe.   Outra novidade foi a criação da “Turma do Guerreirinho”, resultado da parceria entre o Théo Brandão e o Tatipirun Atelier de Educação Patrimonial, do grupo de pesquisa Representações do Lugar (Relu), que faz parte da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Ufal.